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"Nosso Grupo de Genealogia da Familia Freire será tão forte quanto seus membros o façam"

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Leonardo Fea em São Tomé

 

LEONARDO FEA EM SÃO TOMÉ
L. Fea em S. Tomé. In Gestro

Se Newton era demasiado jovem para ter acompanhado Duparquet, Stanley e Andersson, já o não é para se relacionar com exploradores importantes mais próximos da sua idade, como Leonardo Fea e Boyd Alexander. 

Alexander é um escritor, foi ele quem prefaciou e anotou o Diário de William Beckford em Portugal e Espanha, a partir do manuscrito original, no qual se revela bom biógrafo, bom crítico literário, e bom conhecedor do reinado da nossa D. Maria I.  Uma das pessoas que o ajudaram foi Virgínia Rau. Percorreu os Camarões, a África central, o Sudão, a Nigéria, determinou geograficamente a localização do lago Tchad, acompanhou o curso do Nilo até Karthum, donde seguiu para o Mar Vermelho. Destas viagens deixou o relato From the Niger to the Nile. Espantoso ver um escritor que desloca Fernando Pó para o hemisfério sul a pôr o Tchad no local certo do atlas, e a não se perder nos labirintos da Nova Atlântida! Rendamo-nos à evidência - por muito incrível, isto é verdade.

Os três conheciam-se, fizeram as mesmas explorações e acompanhou-os o mesmo guia, José Lopes da Silva, o poeta caboverdiano, a quem Alexander dedica as espécies lopesi.

Leonardo Fea, italiano, celebrizou-se pela exploração da Birmânia. Estava ao serviço da Sociedade de Geografia de Génova e coligia para o Conde Salvadori, ornitólogo. Chegou a Cabo Verde em 1898, vindo da Birmânia. A pobreza faunística do arquipélago foi para ele uma decepção, tanto mais que chegou quando Boyd Alexander acabava de partir. Em todo o caso, envia algo muito excitante: o cuco europeu e cágados (Sternothaerus derbianus), coligidos estes in a small island in Praja Bay, S. Iago - o ilhéu de Santa Maria, um cisco de terra onde Darwin acampara em 1831, absolutamente árido, sem por ali descortinar esses animais. A passarinha, sim, descobriu-a ele.[1] Boulenger, naturalista do British Museum que publicou o resultado das colheitas de répteis e anfíbios de Fea, informa-nos sobre o achado dos cágados no ilhéu, referido pelos historiadores pela importante circunstância de nele ter existido uma carvoaria.

Explora Boavista, Santiago, Fogo, Rombos, Raso, Brava, S. Nicolau - e na última ilha descobre uma nova espécie de procelária, de que Newton envia exemplares a Bocage, Oestrellata feae - e Alexander (1898) não encontrara. Alexander só encontrou na Ilha Raza, como ele diz, a raríssima e enigmática Alauda rasae, e a enigmática e endémica Estrilda jagoensis, importada da costa, como Serpa Pinto, então governador de Cabo Verde, o informa. Foi por ter visto gaiolas com bicos de lacre no Palácio do Governo, onde o autor de Como eu Atravessei a África o hospedou, que veio à baila essa conversa. Não é um terceiro a relatá-la, sim o próprio tenente Boyd Alexander, aquele senhor que não só sabia desenhar cartas como era ornitologista. Por efeito do ambiente ou de qualquer casamento forçado, os passarinhos tinham-se transmutado o suficiente para constituirem nova espécie. O mesmo aconteceu com a Alauda, que já teve e tem outros nomes, entre eles um que acaba em piza, como a Geospiza das Galápagos, que está em transmutação tão acelerada que os biólogos se preparam para substituir a teoria da lenta evolução darwiniana em evolução alquimista, aquela que se verifica de colheita para colheita ou de mês para mês.[2] As aves que conheço com nome de piza em geral mudam muito, caso da Neospiza concolor de S. Tomé de que Newton há-de falar. Esta, por exemplo, vê-se logo que é uma neo-pizza, porque é ou virá a ser colorida. A Certhilauda duponti encontrada no Palácio do Alfeite também apresentava variações, daí que se tivesse criado para os três únicos animais ali encontrados a variedade lusitanica. Estas aves, na maior parte já não são espécies, sim elementos de superespécies - os animais de Java acasalam com os da Etiópia, por exemplo, e produzem híbridos férteis. Numa população de híbridos deixados à solta na Natureza, só por milagre dois indivíduos são iguais.

Fea passa quinze dias no Ilhéu Raso, numa barraca improvisada, a apanhar Macroscincus coctei, os lagartos descendentes do Didosaurus mauritianus encontrado com o Dodó na Mare aux Songes, na Maurícia, e que tinha atlas de mamífero. De novo, acerca dos lagartos, a notícia de que os abrira, vendo assim que tinham o estômago cheio de uma planta espinhosa, Tribulus. Boulenger nem tanto profere.[3]

Depois vai para a Guiné, e a 29 de Maio de 1900 embarca para S.Tomé. Bocage entra em contacto com ele, desejoso de aproveitar os seus serviços na colheita de exemplares. Escreve-lhe Fea:

Je viens de recevoir, dans ces jours, de Salvadori, votre memoir sur les oiseaux de S.Thomé, que vous avez eu l’extreme obligeance de me donner en cadeaux et je m’empresse de vous en faire les plus vives remerciments.

J’ai vu que vous avez ajouté aux noms scientifiques des espèces le nom indigène; dans cette manière même ne connaissant pas les oiseaux enumerès dans votre interessant travail, on peut, avec la cooperation des indigènes les identifier.

Mais malheureusement moi je ne peux pas me en avantager, parce que je suis dans une roça très ecartée, où on n’a pas occasion de rencontrer des fôrros, comme on appele ici ces faux indigènes, et avoir les renseignents desirés.

Je sais que M. Francisco Newton, que j’ai connu aux îles de C. Vert et que j’ai laissé en Guinée a recolté assez dans ces trois îles et que vous avez publié les resultats de ses explorations, non seulement ornithologiques, mais aussi les mammifères et les reptiles.

IIl serez tres utile pour moi d’avoir ces publications, mais ^  ^  ^  comme faire?[4]

Transcrevi literalmente. Fea escreve numa língua que não é a sua, e mostra conhecê-la sobretudo de ouvido. São interessantes os três pequenos triângulos, a pedirem luz a Bocage, maçon também. Sinal de reconhecimento, como um toque ou uma palavra de passe. Curiosa também a informação de que os falsos indígenas - daomeanos, angolanos, etc. - é que conhecem os nomes indígenas das espécies de S.Tomé, quer dizer, os nomes indígenas são tão alienígenas[5] como as espécies de colonos, o que é natural: na sequência dos Descobrimentos, a ilha, como tantas outras, foi povoada com degredados, judeus e escravos da costa ocidental africana.

Fea agradece agora as 14 memórias que Bocage lhe enviou, e acha especialmente prazenteiras as que tratam dos vertebrados terrestres de Ano Bom e Fernando Pó.

Je ai lu aussi avec beaucoup de plaisir votre note sur la doninha de S.Thomé; depuis 1895, que vous l’avez publié, ne avez vous pas reçu quelqu’un de ces jolies mammifères de S.Thomé, pour pouvoir résoudre vos doutes sur l’identité de l’espèce?

Moi je en ai vu seulement un exemplaire, mais je n’ai pas pu le prendre.[6]

A doninha de S.Tomé é a europeia, Mustela nivalis, que também existe em Portugal. Referindo-se aos morcegos: Je n’ai pas encore pu observé une seule Phyllorhina Commersonii v. Thomensis. Quanto às aves, de que Newton enviara grande parte do que permite a Bocage citar 64 espécies (hoje são mais): Les oiseaux arrivent seulement à 18 espèces.[7] Bocage (1903) refere 11 espécies de répteis, resultado das colheitas de Newton, com poucas excepções, entre elas a mamba coligida por Moller, Dendraspis. Fea só encontra 7[8]:

Des reptiles j’ai rencontré 2 Mabuia, je crois que la M. africana et une autre, que je crois interessante. 2 Geckonides, 3 Ofidiens, parmi les quels 1 Typhlops, probablement T. Newtonii, un Dendrophis qui doit être D. Jamesonii.[9]

A mambas estão para o explorador como o hipopótamo para o frade do Coração de Maria. Ou bem que as conhece ou arrisca-se a morrer em questão de minutos.  Newton nunca a encontrou, e até dissuade Bocage de tocar em tal assunto. Segundo Bocage, os caracteres descritos por Bedriaga (1892) correspondiam a Dendraspis Jamesoni. Porém o título de Bedriaga refere outra espécie, Dendraspis angusticeps, jamais encontrada até então na costa ocidental africana a norte do Equador[10]. Bocage obterá de Coimbra o exemplar estudado por Bedriaga, chegando à conclusão de que o animal coligido na Roça Uba-budo nem era jamesoni nem angusticeps, sim uma terceira espécie, Dendraspis viridis.

Repare-se que Fea não diz Dendraspis, sim Dendrophis. Ex-Dendrophis é a inofensiva Soá-Soá, que todos querem que outros tenham confundido com a venenosa, caso de Newton, ao desautorizar com essa suspeita o senhor Freire Sobral[11], tão erudito que até tinha umas filhas a estudar nas Ursulinas. Embora mal chegado a S.Tomé já trate os animais pelos nomes científicos, Fea cometeu um corvo abissal, hibridando Dendrophis (=Philothamnus) thomensis e Dendraspis jamesonii.

Resta no entanto que ele afirma ter coligido uma cobra que é provavelmente D. Jamesonii. Da presença da mamba em S.Tomé só havia dois ou três registros, mais o exemplar que Moller enviara a Bedriaga julgando-o um duplicado - duplicado de quê? Um dos primeiros registros pertence a Fischer (1856), que dá à luz uma estampa online neste site - "A mamba de São Tomé", feita a partir de um exemplar que ele diz ser de S. Tomé, existente no Museu de Hamburgo.

 Já em 1869 o Museu de Lisboa recebera uma lata de S.Tomé com as cobras mais vulgares, a preta (Naja melanoleuca) e a djita (Lamprophis fuliginosus), ambas de distribuição larguíssima em África. Coligira-as Craveiro Lopes, que anota, na guia de remessa:

Uma lata contendo … Duas cobras Ditas = colhidas nas proximidades do littoral

(Não são venenosas nem fasem mal)

..= Uma cobra= Preta=colhida no interior, vive em mattos cerrados

As duas Ditas são as mais pequenas e vão da parte de cima - a cobra Preta vai no fundo da lata, e tem o peito amarello.[12]

Ninguém enviara serpentes do género Dendraspis. Curioso é que em 1915 já não existiam as cobras de Craveiro Lopes de 1869, só existia uma djita (Boodon quadrilineatus) de 1873[13].

Na carta seguinte, Fea confessa que confundira o duplicado de Moller com os dromedários do triângulo do Cunene:

Depuis que j’ai reçu votre precieuses publications sur l’histoire naturelle de ces îles, avec la bonne figure que vous donné sur le Dendraspis Jamesonii j’ai pu me convaincre que mes serpents n’ont rien à faire avec cette espèce.[14]

A Dendrophis nada tem a ver com a cobra verde venenosa, apesar de também ser verde, mas pode ser que a sorte mude, tanto mais que Fea promete procurar os morcegos: Je ferai de mon mieux pour rencontré votre Cynonycteris brachycephala. Promete ainda procurar a Amaurocichla Bocagei, cujo nome estropia, o que é natural, o inglês dele é mais de ouvido:

Je vous remercie aussi des renseignements sur l’ Amaurocynchla et je ecrirez tout de suite a M le Compte Salvadori pour tacher d’avoir la description et, s’il est possible, la planche de le interessant oiseau.[15]

O interessante oiseau só voltou a ser encontrado em 1990 (Naurois, 1994).

Fea, o desgraçado explorador, não encontra as espécies descobertas por Newton.[16] Na expectativa de melhores resultados, prossigamos a leitura. Ele já tinha lamentado o facto de Bocage nunca ter recebido um exemplar da doninha de S.Tomé, para a poder identificar completamente. Newton afirma que os agricultores a protegiam, declarando com isso que tinha sido introduzida, como não podia deixar de ser.

A doninha de S.Tomé fora pela primeira vez encontrada em ossos no estômago da cobra preta, e Greeff, o descobridor, disse não os ter conseguido identificar. Greeff é aquele professor da Universidade de Marburgo que descobriu os lagartos gigantes de Cabo Verde nas Canárias, depois de as sumidades científicas terem passado por Hierro e outras ilhas canarinas sem denunciarem a presença de sardões pretos parecidos no tamanho com gatos horrorosos.[17] Greeff é também aquele senhor que disse ter sido incapaz de coligir os cágados Sternotherus derbianus numa ribeira de S. Tomé, cágados que só nos nossos dias foram ali coligidos, daí Newton pedir a Bocage o artigo de Greeff. Greeff ouve cantar umas rãs numa roça de S. Tomé que por acaso não era a Nova Java, mas onde se aclimatavam espécies brasileiras, e deixa que seja Newton a apanhá-las. Não espanta assim que Greeff esteja mais uma vez por detrás de uma espécie que generosamente permite sejam outros a dar à estampa.

Fea encontra a doninha mas, como Greeff e Newton, também não a identifica e até dá um salto de rã para outro assunto sem a complacência de uma vírgula:

Je me ferez un plaisir de vous informer du resultat de mes recherches, en attendant je vous direz que dans ma dernière station dans une plantation placée pres de la cidade Anna Chaves, à une altitude de 200-250 m., je ai pu obtenir la doninha une Rana que je crois la R. Newtoni et une Hylide, si non identique, tres semblable à une espèce recoltée en Guinée. De oiseaux rien de nouveau.[18]

Tal como Salvadori, Fea envia exemplares a Bocage:

Quand vous auriez le temps vous m’ obligeriez beaucoup à m’écrir aussi quelque chose à propos des oiseaux que je vous envoyés avec une lettre le dernier septembre.[19]

A carta de Setembro não figura no Arquivo histórico. Fea escreve agora de Cantagallo, onde chegara a 1 de Dezembro de 1900, ido de Água-Izé, depois de ter saído da cidade de S.Tomé numa canoa - os percursos de Fea são idênticos aos de Newton, idênticos os movimentos, o modus operandi, e de repente até os travessões e sublinhados são os mesmos, só lhe falta a ubiquidade para os declararmos instruídos no mesmo Colégio do Espírito Santo ou na mesma Alta Venda -

Je dois apres vous remercier tout specialment pour la peine que vous vous êtes donné à identifier les oiseaux que je vous ai envoyés; malheureusement j apprend que tous trois sont des espèces très communes.[20]

Dans la lettre que je vous ai adressée registada le 23 novembre,[21] vous troverez la reponse à la pluralité des questions que vous mai fait, mais il y a un point à èclaircir, il s’agit des recommendations pour l’île Princìpe -

Dans ma dernière lettre je vous ai demandé le nom des personnes aux quelles vous m’avez recommendés à l’île Princìpe, et j’ai fait ça en m’appuyant sur votre estimée du 19 septembre, où vous m’ecrivez - «quand vous vous rendrez à l’île du Prince vous y trouverez egalement des personnes à qui j’ai fait ecrir directement, bien disposées à vous aider dans la poursuite de vos travaux» - or dans votre lettre du 5 Nouvembre je lis - «j espere que la lettre de recommendations que je vous ai adressé le mois dernier vous sera de quelque utilité pour visiter aussi l’île du Prince.

J’attend avec beaucoup d’ impatience une reponse à ma derniere registada du 22 Nouvembre pour avoir une explication.[22]   O dia 23 passou a 22, como 22 avestruzes, 22 anoboneses, 22 letras, etc.. Em rodapé, Fea vai dando conta da exploração, quando, julgávamos nós que ele estava a trabalhar para a Sociedade de Geografia de Génova e que Francisco Newton tinha já feito uma excelente exploração de S.Tomé:

Jusqu’ à présent je n’ai pas eu la possibilité de avoir beaucoup de Chiroptera, excepté les grandes et communes espèces generalement ces animaux sont trés difficiles d’être recoltés par les indigènes, mais vous pouvez être sure que je ne me oublierez pas du Cynonicteris brachycephala.[23]  

Oxalá encontre os morcegos[24], só havia um exemplar no Museu de Lisboa, enviado em 1868 por Fernando Pires, de S.Tomé. Mais ninguém tinha conseguido encontrar tal espécie, apesar de Newton ser um especialista na captura e transporte destes animais, treinado como foi em Java, nas Celebes e em Timor, antes de chegar a Conception e a Natividad.

A carta seguinte é do Príncipe, Março de 1901, o que é tão espantoso como a Errática de Newton, se atendermos a que Salvadori regista colheitas dele em S. Tomé até Julho de 1901.[25] Aliás, logo na apresentação, Salvadori diz que Fea esteve em S. Tomé em 1901, durante poucos meses. Por consequência, tal como Newton, Fea dispõe do ubíquo condão de coligir em duas ilhas na mesma altura.

Fea conseguiu obter a carta de recomendação, aves de Newton é que nem pensar, de resto a pobreza em aves é grande,[26] estão a mudar a plumagem, chove permanentemente, mas em contrapartida colige a raríssima osga de Greeff sem griffes:

en fait d’osgas je ai recolté le Hemidactylus Greeffii dejà pris à S.Thomé, mais ici il est rare comme il l’a été là. J’ai vu quelques exemplaires d’un autre petit, vivant sur les troncs des arbres, que je crois Lygodactylus, mais je ne suis pas été capable de les attraper.[27]  

O grande explorador da Birmânia não tem capacidade nem para apanhar osgas. [28] Agora está na roça Infante D. Henrique e continua a não encontrar as aves de Newton, se bem que em carta anterior tivesse encontrado Rana newtoni e uma outra, muito pequena, que acha não ser um juvenil da newtoni, sim uma espécie nova que pelos vistos escapou a Newton. No Príncipe, estuda os artigos de Bocage, preocupado com as gralhas tipográficas:

Dans votre trés interessant travaille «Oiseaux de l’Île S.Thomé», ou vous avez fait preceder par un asterisc les espèces qui sont exclusive à l’île, je ai observé que cet asterisc manque aux 4 espèces suivantes:

Strix thomensis

Terpsiphone atrochalyboea

Oriolus crassirostris

Lanius Newtonii

or je voudrai vous demander si est une faute d’impression ou si vous reelment considerez ces 4 espèces comme pas peculiaires à l’île.[29]  

Fea deixa o Príncipe, embarca para Santa Isabel, capital de Fernando Pó. Segue depois para Basilé, distante 8 km, parte da viagem feita a pé, parte in un vagoncino Decauville spinto da sedici uomini, como diz Gestro. Basilé fica a 400-450 metros de altitude, na encosta do monte que desce para a cidade. Era um núcleo de casas de gente abastada, proprietários de plantações. Ali ficava o Palácio do Governo, o sanatorium, onde Fea se alojou com autorização do governador, uma pequena mas elegante igreja de madeira, a Missão Oatólica dos Padres do Sagrado Coração da Imaculada Conceição, que tão bem conhecemos. Fea, tal como Boyd Alexander e Newton, obterá dos bons missionários a mais dedicada ajuda.

Em Basilé, Fea passou 46 dias. Volta a Santa Isabel, não sobe ao Pico, não encontra por isso nenhuma garrafa com a mensagem de Newton embrulhada num pano vermelho, e ainda menos avista do topo, como Rogozinski avistou, um navio fundeado na Bahia Carbonera[30].

Fea está gravemente doente, como Newton estava. Em Outubro vai para uma plantação na Punta Frailes, admitamos que se chamava Santa Teresa, volta para Santa Isabel. Agora parte numa canhoneira espanhola para a Baía de San Carlos e prepara-se para percorrer a região que explorará Lopes da Silva. Instala-se na missão protestante, a uns 200 metros de altitude, a seguir vai para a missão católica de Musola, percorrendo 18 km de caminho difícil. Nessa jornada realiza um sonho de juventude: de repente vê - não, não é uma ilusão de óptica - vê Goliathus entre a folhagem, escaravelhos gigantes que voltará a ver ainda.

A partir de Janeiro de 1902 transfere-se para Moka, percorrendo 6 quilómetros de maca, porque tem um pé ferido. Moka, a 1440 metros de altitude, é uma pequena aldeia de casas muito distantes umas das outras. Ocupa uma, pequena, coberta de folhas de palmeira e com chão de terra batida. Tem por ajudante um rapazinho da missão, de catorze anos, que fala correctamente espanhol. A temperatura é agradável, vai de 20 a 22º de dia e à noite desce a 14, por isso restabelece-se das febres mas é atacado pela filária - todos os dias o rapazito lhe extrai algumas, no entanto os pés incham e as feridas supuram.

Volta a Mongola, perdão, a Musola. A 29 de Março embarca no Fernando Poo para Ano Bom, onde chega a 1 de Abril.

Escreveu a Bocage de Fernando Pó, mas essa carta não existe. Ficámos assim sem saber quais as suas impressões acerca da avifauna da ilha. Graças às colheitas de Newton, Bocage publicara catálogos, mas todas as espécies eram continentais. Boyd Alexander, com a ajuda de Mr. Lopes e dos padres das missões, descobre 34 espécies novas para a ciência, na maior parte endémicas de Bakaki, aquele povoado bubi a que Girard chamou Bacoco. Como é possível que nem Newton nem Leonardo Fea tenham visto uma única daquelas espécies?

 

Salvadori informa que Fea não coligiu aves em Fernando Pó, o que é espantoso, face ao número exorbitante de novidades recolhidas pelo ornitólogo inglês. Por isso, o catálogo de Salvadori é uma repetição dos de Bocage e Boyd Alexander. Reencontramos as trinta e quatro[31] novas espécies com os caracteres ainda fixos, na maior parte coligidas no aviário de Bakaki, e outras, continentais, encontradas pelo tenente em localidades como Balbeki e Banterbari.

Ano Bom. Estamos na missão onde Newton foi tão bem recebido pelos padres. Fea não encontra alojamento, terá de se contentar com uma barraca. Arranja a choça o melhor que sabe. Vai até à lagoa Ápata, a cerca de 220 m de altitude, mas não pode andar - tem os pés muito feridos.

De barco, percorre a costa. A fauna é pobre, só as aves lhe despertam interesse. Descobre uma rapina nocturna nova para a ciência - Scops feae - que Newton lhe deixara[32]. Os indígenas ajudam-no e a maior parte das aves é abatida à pedrada. Vai à única plantação de cacau[33] da ilha em busca de insectos e moluscos, instala-se numa casa rodeada de floresta, a 450 metros de altitude. Vida animal escassa e pouco diversificada. Adoece de novo, vai morrer logo que chegue a Génova, daqui a nada.

Embarca no Fernando Poo, toca em Santa Isabel, daqui parte para os Camarões num navio alemão. A 7 de Junho de 1902 está em Victoria, a 20 em Buea, no Monte Camarões. Chove ininterruptamente, ele anda de mula, mas chove sem parar. Resolve então partir para o Congo. A 22 de Julho está de novo em Victoria à espera do vapor. A bordo do Olenda, em rota para Libreville, sonha com o primeiro Goliathus, abatido com um tiro de Flobert e vendido em Paris por 800 libras - os escaravelhos que vira perto de Musola. Fea queria primatas, trazem-lhe um gorila em mau estado, depois arranjam-lhe um esplêndido macho e obtém outro sonho - um Manatus. Os gorilas tinham sido descobertos anos antes por Du Chaillu. Mas estes animais são de difícil preparação em climas quentes e húmidos, de transporte também difícil, razão pela qual Fea coligiu poucos mamíferos de grande porte, e Newton também o não fez onde eles existiam.

Gabun, 31 octobre 1902, Bocage (1903) cita esta carta:

J’ espere que vous auriez reçu la lettre que je vous ai envoyé de Fernando Póo le Decembre 1901 - Dans cette lettre je me plaignez de ne pas avoir eté capable de me procurer le Tympanocerus Newtonii.

À present je suis en cas de vous annoncer que enfin je suis reussi à me le procurer: je l’ai rencontré, mais assez rare, sur la côte N.O. de l’île, à 600 m. d’altitude.[34]  

Só agora, no continente, Leonardo Fea se lembra de dizer que encontrara as rãs de Fernando Pó. Hoje, as rãs descobertas por Newton e Fea em Fernando Pó chamam-se Petropedetes newtoni e são bem conhecidas do continente -  Camarões e Guiné Equatorial -, não porém de Fernando Pó (Perret).

A 5 de Maio de 1903, nas Canárias, telefona a Gestro, seu biógrafo, dizendo que está a caminho de casa - para morrer.

Fea não encontrou os morcegos, nem as aves, nem a mamba disfarçada de Soá-Soá. Mas encontrou o que mais ninguém além deles viu ainda.

Newton, Fea e Alexander cumpriram a sua missão.  

GRALHAS

Sua Magestade a Rainha, Regente em nome de El-Rei:

Considerando a grande conveniencia de se proceder na ilha de Timor a explorações scientificas que forneçam os esclarecimentos necessarios ácerca das condições naturaes de tão importante possessão ultramarina; e

Attendendo ao modo por que Francisco Newton se desempenhou da commissão que lhe foi incumbida por portaria de 7 de agosto de 1885, e cujos trabalhos concluiu:

Ha por bem, pela secretaria d’estado dos negocios da marinha e ultramar, encarregar o mencionado Francisco Newton de estudar a fauna d’aquella ilha, e bem assim de proceder aos estudos e de colligir todas as informações quanto á sua melhor exploração agricola; sendo para esse effeito transferida para o orçamento da provincia de Macau e Timor a verba de 780$000 réis, que estava consignada para exploração zoologica no orçamento da provincia de S.Thomé e Principe; cumprindo ao nomeado remetter á dita secretaria d’estado todos os productos colhidos na sua exploração e todas as informações que for colligindo.[35]

Não era para a Direcção-geral da Instrução Pública, nem para a Escola Politécnica, nem para os museus que Francisco Newton coligia informações. Newton não estava sequer ao serviço dos museus, como diz a placa de homenagem da Exposição do Mundo Português, ele era um informador do Ministério da Marinha. E é nestes termos, de colecta de informações, não especificadas até como científicas, que o Governo se exprime.[36] Para os museus, enviou informações como as que vamos ler. Mas foi para arranjar a Newton um emprego como perito de informações do Governo de Sua Majestade, que os republicanos não só lhe publicaram o espampanante currículo como o foram alimentando para além da morte?

Newton ainda vai explorar Timor, Macau, outra vez Fernando Pó, Guiné, Carvoeiros em S. Nicolau (Cabo Verde), o Ribatejo, onde colige um cágado que Nobre (1904) classifica como lagarto, novamente Ano Bom, S.Tomé, a Baie des Agulhas em Angola, e estas últimas expedições são muito mais subversivas do que as pré-natais, como registamos à vol de pie nos Resultados científicos. Os naturalistas esforçam-se e dão-lhe toda a cobertura que podem nesta corrida final para a meta. Em Cabo Verde, a situação é medonha. Basta a Newton dizer: Eu quero. De onde lhe vem tanto poder? Eu quero para José Lopes da Silva, e nada para mim? E o pobre Rudolfo Ferreira Lima, exonerado dos seus cargos, transferido de ilha, reformado com uma pensão medíocre, finalmente dado como estando em parte incerta, recebeu um prémio ou um castigo?[37]

Para voltar ao princípio, à inclusão das sociedades secretas na história da tipografia, a retaguarda de Newton sempre foi a imprensa - diária, oficial e científica - e ainda hoje continua a ser a palavra escrita -

Newton vai morrer a 4 de Dezembro de 1909 -

Cinco dias depois morrerá pela segunda vez -

Quinze anos volvidos finar-se-á pela terceira -

Foi exonerado em Fevereiro de 1908, segundo Gossweiler[38], quando os boletins oficiais e Diário do Governo se imprimiam com cercadura negra, assassinados o rei D. Carlos e o príncipe Luís Filipe pela ala carbonária da maçonaria. Não chegou porém à meta, o Grande Arquitecto do Univers

 

[1] Guarda-rios, Halcyon leucocephala.

[2] Repito que a história da Geospiza de Darwin que muta de colheita para colheita passa  na televisão.

[3] Boulenger cita apenas Macroscincus coctaei  D. & B. coligido por Fea no Ilheo Raso e Tarentola gigas Bocage, a osga gigante, no Ilheo Razo. A localidade de proveniência é distinta, atendendo a que no British Museum estava o exemplar tipo da Tarentola, coligido em Bornéu, onde aliás ainda não foi encontrada (Gray; Joger; Schleich), porque o que está em Bornéu é certamente a osga-mãe, muito diversa da osga-pai e ainda mais da prole.

[4] Carta de Leonardo Fea para Bocage, S.Thomé 16 juillet 1900. Arquivo histórico do Museu Bocage (AhMB), CE/F-8.

[5] Os nomes indígenas são fornecidos pelos exploradores, que se divertem a escrever às vezes o que lhes convém, ao abrigo da inexistência de línguas indígenas escritas.

[6] Carta de Leonardo Fea para Bocage, S.Thomé 18 août 1900. Arquivo histórico do Museu Bocage (AhMB), CE/F-9.

[7] Salvadori (1903), que publicou o catálogo, diz que Fea coligiu apenas 103 exemplares de aves em S. Tomé, pertencentes a 21 espécies.

[8] Boulenger refere que Fea coligiu 9 espécies de répteis em S. Tomé, entre elas duas novas: Typhlops feae, uma cobra subterrânea, e outra cobra, inofensiva, que dedica a Bedriaga, Boodon bedriagae. Coligiu Typhlops newtoni Bocage, mas nenhuma Dendraspis.

[9] Carta de Leonardo Fea para Bocage, S.Thomé 18 août 1900. AhMB, CE/F-9.

[10] Bocage pedira auxílio a Oskar Boettger para identificar as serpentes, ao que o colega lhe respondeu, em carta de Francfort (Mein) de 16 de Maio de 1893 (AhMB, CE/B-21): Lorsque je publiais mon article sur l’Herpétologie du Congo en 1888, je ne connaissais pas encore votre travail sur les espèces du genre Dendraspis et jusqu’à ce date je n’avais jamais vu le D. angusticeps. Toute mon information vint autrefois des figures de Smith, Peters etc. C’était en 1889 que j’ai vu le premier D. angusticeps provenant de Pondoland, Afrique mérid. et orient. (voir Bericht Senckenbg. Ges. 1889 p. 295). Il avait Squ. 19; G. 3; V. 208, A. 1/1, Sc. 103/103+1. Je le prends pour une espèce très bien caracterisée, non par la couleur mais par toute la pholidose. Vous avez bien raison de dire qu’il n’a pas été trouvé jusqu’ici en Afrique occidentale au nord de l’équateur. Voici toutes mes informations directes sur les autres formes de ce genre:

1. J’ai vu du Lagos 1 Dendraspis (neglectus Boc., voir Bocage, Dendraspis Fig. 4). Préoculaires 3-3, postoculaires 4-4; temporales 1 sobre 1+1, c’est à dire 2 temporales en contact avec les postoculaires; en outre 3 grandes écailles nuchales.

Squ. 17; G. 3; V. 218, A. 1/1, Sc. 3/3+3+99/99+1.

2. Nous possédons 3 Dendraspis (neglectus Boc. var. 2 et 3, voir Bocage Fig. 7, 8 et Bericht Senckenbg. Ges. 1888 p. 86) de Banana, Cabinda et Massabe (Loango).

3. Nous possédons 1 Dendr. Jamesoni Traill (Ber. Senckenberg. Ges. 1887 p. 63) d’Accra, Goldcoast.

4. Nous possédons 4 Dendr. Jamesoni Traill typiques d’Odoumasi, East-Gold­coast, voisin de la frontière d’Ashanti. Tous ont 13 rangées d’écailles dorsales:

Squ. 13; G. 3, V. 212-219, A. 1/1, Sc. 116/116-121/121+1

[11] José António Freire Sobral era o proprietário da Roça Saudade, onde cultivava cacau e o melhor café de S. Tomé.

[12] Carta de Pedro Craveiro Lopes, S. Thomé, 8 de Setembro de 1869. AhMB, Div.120.

[13] Catálogo geral de répteis e anfíbios do Museu Bocage. Caderno manuscrito por dois funcionários, no Verão de 1915, intitulado "Deposito de Reptis". Dá conta da destruição das etiquetas de talvez dois terços da colecção, que assim ficou inutilizada. Arquivo histórico do Museu Bocage, Rem.-247.

[14] Carta de Leonardo Fea para Bocage, S.Thomé 10 octobre 1900, AhMB, CE/F-10.

[15] AhMB, CE/F-10.

[16] Salvadori colmata a falta pedindo os exemplares a Bocage, que lhe envia Lanius newtoni Bocage, a que faltava a mancha amarela no papo, patente na descrição. Bocage não consegue explicar o erro cometido, mas decerto não havia erro, o pólen é que entretanto desaparecera - dizemos isto por nos ter ficado na lembrança um caso idêntico, explicado pelos colegas desta maneira tão verosímil. Abrindo uma excepção para interpretar um grau acima do literal, os animais são tão híbridos que até depois de mortos sofrem alteração dos caracteres. Também lhe enviou o tipo de Amblyospiza concolor, que Fea lança na sinonímia do novo género Neospiza concolor. A única espécie nova coligida por Fea em S. Tomé foi Zosterops feae, que Sousa classificara como Z. ficedulina.

[17] Troschel cita a híbrida descrição de Greeff - hideux et gros comme un chat.

[18] Carta de Leonardo Fea para Bocage, S.Thomé 21 novembre 1900.

[19] AhMB, CE/F-12.

[20] Leremos nas cartas de Newton escritas em Cabo Verde, que a sua táctica era a de primeiro coligir exemplares das espécies raras e só mais tarde das vulgares. Isto tem como resultado que a visão científica se divorcia da realidade: o que a ciência conhece nunca foi visto pelos habitantes de dada região, e o que para estes é familiar, e constitui de facto a flora ou fauna do local onde vivem, não é conhecido da ciência.

[21] Esta carta não existe no AhMB.

[22] Carta de Leonardo Fea para Bocage, Cantagallo (Agua Izé) 10 Decembre 1900. AhMB, CE/F-12.

[23] AhMB, CE/F-12.

[24] Myonycteris brachycephala (Bocage, 1889), na nova nomenclatura, foi capturado por Feiler et al., em 1991.

[25] Exemplares de Oriolus crassirostris capturados a 10, 11 e 20 de Julho de 1901.

[26] Salvadori regista 41 exemplares coligidos, de 16 espécies, uma nova para a ciência e outra para a ilha do Príncipe.

[27] Carta de Leonardo Fea para Bocage, Príncipe 25 mars 1901. AhMB, CE/F-13.

[28] Segundo Boulenger, as osgas coligidas por Fea no Príncipe foram Hemidactylus greeffii Bocage e Lygodactylus thomensis Peters. Portanto conseguiu apanhá-las.

[29] Carta de Leonardo Fea para Bocage, Príncipe 8 avril 1901.

[30] Baía ao lado da praia de Santa Isabel, assim chamada por em 1864 os ingleses ali terem estabelecido um depósito de carvão. Vinte anos depois, os americanos também instalam em Fernando Pó uma base carvoeira. Também em 1884, é a vez de os alemães ali instalarem a sua (Unzueta).

[31] Em Salvadori são 36 as novas espécies de Alexander. Nós só utilizamos o terceiro artigo do ornitólogo inglês, mas, como se deduz de terceiro, ele publicou três, e todos são diferentes. Por exemplo, as espécies lopezi caem na sinonímia das lopesi, talvez por analogia com o colector, o caboverdiano José Lopes, em cuja família devia existir mestiçagem. A população de Cabo Verde é mulata, o arquipélago foi encontrado deserto de habitantes à data da descoberta, se bem que haja informações a indicarem ter sido habitado noutros tempos.

[32] As espécies conhecidas em Ano Bom, segundo Salvadori, passam a ser 16. Fea coligiu 49 exemplares, pertencentes a 8 espécies, duas delas novas, que Newton não encontrara - Scops feae e Haplopelia hypoleuca.

[33] Esta única plantação de cacau em Ano Bom é obra de Francisco Newton, e ainda existe, como Basile Bartley teve a gentileza de nos informar.

[34] Carta de Leonardo Fea para Bocage, Gabun 31 octobre 1902. AhMB, CE/F-15

[35] Diário do Governo, 16 de Outubro de 1895

[36] Francisco Newton fora nomeado para S. Tomé num momento político complexo e delicado para Portugal - ocorrera a Conferência de Berlim, que nos retirava o direito histórico à posse das colónias; tomáramos o Daomé sob protectorado; o Congo ia ser objecto de partilhas entre belgas e franceses, e nós ficaríamos apenas com Cabinda e Molembo. É nomeado para a Guiné quando os indígenas estão sublevados. A data de nomeação, 10 de Abril de 1907, não coincide com a indicada por Gossweiler (veja a Errática): Sua Magestade El-Rei, ha por bem pela Secretaria d’Estado dos Negocios da marinha e Ultramar, encarregar Francisco Newton de proceder, na provincia da Guiné, a explorações botanicas e zoologicas, a quem será arbitrado o vencimento mensal de 90$000 réis, cumprindo-lhe remetter á dita Secretaria d’Estado todos os productos colhidos na sua exploração e todas as informações que fôr colligindo. (Boletim official da Guiné, 15 de Junho de 1907).

[37] Transcrevemos actos legais decorrentes desta chantage em notas infrapaginais das cartas onde ela se exerce.

[38] Apesar de repetidas buscas, não conseguimos localizar a informação. 

P.S. Se o não disse antes, digo agora : o mau francês de Fea é tão artificial que as suas cartas parecem escritas por Francisco Newton (15.4.2002).

 Seguinte : Rumo ao Daomé

Fonte: http://hybris.no.sapo.pt/newton/fea.html