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"Nosso Grupo de Genealogia da Familia Freire será tão forte quanto seus membros o façam"

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FILHOS NATURAIS, PAIS DESCONHECIDOS


Rubens R. Câmara


É comum o pesquisador se deparar com registros nos quais indica-se que o(a) fulano(a) é filho(a) de pessoas ignoradas, ou natural, ou de pais desconhecidos. Em muitos desses casos, a pesquisa genealógica não pode prosseguir no tal ramo obscuro. Mas convém ao genealogista não desistir.

Joaquim Gomes Rodrigues Câmara, meu trisavô, casou-se em 20 de outubro de 1833, na Capela de São José, filial da Paróquia do Pilar, em Ouro Preto. Consta no assento do matrimônio que sua esposa, Thereza Bernardina de Sousa, era filhal natural de Rita Bernardina do Espírito Santo:

"Aos vinte de outubro de 1833 na Capela de São José desta Matriz de Nossa Senhora do Pilar desta Imperial Cidade do Ouro Preto pelas oito horas da noite com licença competente em presença do Reverendo Manoel Fernandes Ribeiro e das testemunhas o alferes José Peixoto de Sousa e o alferes Silvério Pereira da Silva Lagoa, depois de feitas as denunciações de estilo e tomados os depoimentos verbais, os nubentes se receberam em matrimônio na forma do Sagrado Concílio Tridentino e Constituição do Bispado, Joaquim Gomes Rodrigues Câmara, filho legítimo de José Gomes Rodrigues e Vitória Inocência da Silva, nascido e batizado na freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Paraopeba, e Thereza Bernardina de Sousa, filha natural de Rita Bernardina do Espírito Santo, nascida e batizada nesta freguesia do Ouro Preto, de que são paroquianos, e receberam as bênçãos nupciais na forma do Ritual Romano, de que, para constar, faço este assento que o assino. Vigário Encomendado Francisco José Teixeira da Silva" [1]

É de observar, desde já, que foi uma das testemunhas o Alferes José Peixoto de Sousa, com o mesmo sobrenome da noiva, remetendo o pesquisador a um suposto parentesco entre eles.

Um ano mais tarde, nasceu o primeiro filho do casal, meu bisavô, Augusto Gomes Rodrigues Câmara:

"Aos 21 de dezembro de 1834, nesta Matriz de Nossa Senhora do Pilar, desta Imperial Cidade de Ouro Preto, batizei e pus os Santos Óleos a Augusto, nascido no primeiro dia do mês prefalado, filho legítimo de Joaquim Gomes Rois Câmara e Dona Thereza Bernardina de Sousa e foram padrinhos o Alferes José Peixoto de Sousa e sua filha Maria Dilermina Peixoto de Sousa, todos desta freguesia".[2]

O alferes José Peixoto de Sousa, agora com sua filha Maria Delermina Peixoto de Sousa, aparece mais uma vez num evento religioso da família Câmara. Apareceria mais vezes nos batismos dos próximos dois filhos do casal.

Por volta de 1842, pouco mais, pouco menos, Joaquim Gomes Rodrigues Câmara, acompanhado de sua mulher, filhos e o irmão Delfino Gomes Rodrigues Câmara, avançou pelo interior de Minas, indo dar com os costados no então Arraial de São Vicente de Ferrer, hoje, a cidade de Formiga. Sua esposa, Thereza Bernardina de Sousa, aos vinte e poucos anos de idade, veio a falecer nessa localidade pouco tempo depois. Em 1847, Joaquim Gomes Rodrigues Câmara casou-se com Maria Felisberta de Arantes, gerando mais filhos.

Faleceu Joaquim em Formiga em 1857 e dos autos de seu inventário [3] consta uma pequena pendenga sobre um escravo que a viúva queria que fosse incluído no monte-mor para a partilha, mas Mariana Augusta Câmara, filha do primeiro casamento de Joaquim, protestou dizendo que o referido escravo tinha sido doação de seu avô, o Coronel José Peixoto de Sousa. A viúva, Maria Felisberta de Arantes, em réplica, declarou que possuía um documento comprovando que o tal escravo teria sido, na verdade, um dote do Coronel Peixoto à sua filha Thereza Bernardina de Sousa por ocasião do casamento com o finado Joaquim Gomes Rodrigues Câmara e, assim sendo, ela teria direito à meação também sobre o tal escravo. Independemente de ter sido o tal escravo dote à filha ou legado à neta, essa disputa judicial recuperou um dado genealógico que estava fadado a não ser esclarecido: ou seja, o Alferes José Peixoto de Souza, nos autos do inventário qualificado como Coronel, foi o pai de Thereza Bernardina de Souza, esposa de Joaquim Gomes Rodrigues Câmara.

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Fontes:
[1] Casa dos Contos, microfilme no.029, volume 506, pagina 212
[2] Livro de Assentos de Batismos da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, anos de 1830 a 1835
[3] Autos do Inventário de Joaquim Gomes Rodrigues Câmara, ano 1857, Cartório do 1º Ofício da Comarca de Formiga, Minas Gerais.

Fonte: http://www.gentree.org.br/filhos.htm