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Proclamação do Imperador D. Pedro 

aos portugueses sobre o reconhecimento da independência do Brasil pelo Governo de Portugal (21 out. 1822)

Sobre o reconhecimento da Independência do Brasil pelo Governo de Portugal.

Portugueses, toda a força é insuficiente contra a vontade de um Povo, que não quer viver escravo: a História do Mundo confirma esta verdade, confirmam-na ainda os rápidos acontecimentos, que tiveram lugar neste vasto Império, embaldo a princípio pelas lisonjeiras promessas do Congresso de Lisboa, convencido logo depois da falsidade delas, traído em seus direitos os mais sagrados, em seus interesses os mais claros; não lhe apresentando o futuro outra perspectiva, senão a da recolonização e a do despotismo legal, mil vezes mais tirânico, que as arbitrariedades de um só Déspota: o grande e generoso Povo Brasileiro passou pelas alternativas de nímia credulidade, de justa desconfiança, e de entranhável ódio: então ele foi unânime na firme resolução de possuir uma Assembléia Legislativa sua própria, de cuja sabedoria e prudência resultasse o novo Pacto Social, que devia regê-lo, e ela vai entrar já em tão gloriosa tarefa: ele foi unânime em escolher-Me para Seu Defensor Perpétuo, honroso Encargo, que com ufania Aceitei e que Saberei desempenhar à custa de todo o Meu Sangue.

Este primeiro passo, que devia abrir os olhos ao Congresso, para encarar o profundo abismo, em que ia precipitar a Nação inteira, que devia tomá-lo mais circunspecto em sua marcha, e mais justo em seus procedimentos, serviu somente de inflamar as paixões corrosivas dos muitos Demagogos, que para vergonha vossa têm assento no augusto Santuário das Leis. Todas as medidas, que tendiam a conservar o Brasil debaixo do jugo de ferro da escravidão, mereceram a aprovação do Congresso; decretaram-se Tropas para conquistá-lo sob o frívolo pretexto de sufocar suas facções; os Deputados Brasileiros foram publicamente insultados, e suas vidas ameaçadas; o Senhor Dom João VI, Meu Augusto Pai, foi obrigado a descer da Alta Dignidade de Monarca Constitucional pelo duro cativeiro, em que vive, e a figurar de mero publicador dos delírios, e vontade desregrada ou de seus Ministros corruptos, ou dos facciosos do Congresso, cujos nomes sobreviverão aos seus crimes para execração da posteridade: e Eu, o Herdeiro do Trono, fui escarnecido, e vociferado por aqueles mesmos, que deviam ensinar o Povo a respeitar-Me para poderem ser respeitados.

Em tão críticas circunstâncias o heróico Povo do Brasil, vendo fechados todos os meios de conciliação, usou de um Direito, que ninguém pode contestar-lhe, Aclamando-Me no dia 12 do corrente mês, Seu Imperador Constitucional, e proclamando sua Independência. Por este solene Ato acabaram as desconfianças e azedumes dos Brasileiros contra os projetos de domínio que intentava o Congresso de Lisboa; e a série não interrompida de pedras numerárias colocadas no caminho eterno do tempo, para lhes recordarem os seus infortúnios passados, hoje só serve de os convencer de quanto o Brasil teria avultado em prosperidade, se há mais tempo se tivesse separado de Portugal; se há mais tempo o seu bom siso, e razão tivesse sancionado uma separação, que a natureza havia feito.

Tal é o estado do Brasil: se desde o dia 12 do corrente mês ele não é mais parte integrante da antiga Monarquia Portuguesa, todavia nada se opõe à continuação de suas antigas relações comerciais, como Declarei no Meu Decreto do 1.º de agosto deste ano, contanto que de Portugal se não enviem mais tropas a invadir qualquer província deste Império. Portugueses: eu ofereço o prazo de quatro meses para a vossa decisão; decidi, e escolher, ou a continuação de uma amizade fundada nos ditames da justiça, e da generosidade, nos laços de sangue, e em recíprocos interesses; ou a guerra mais violenta, que só poderá acabar com o reconhecimento da Independência do Brasil, ou com a ruína de ambos os Estados. Palácio do Rio de Janeiro em 21 de outubro de 1822.

 Imperador


Fonte: Matéria enviada por:  José Eduardo de Oliveira Bruno  - SP, junho de 2004.
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