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História de Piracicaba

por J.E.O. BRUNO

Piracicaba tem sua história ligada à terra, ao rio que leva seu nome e à cana-de-açúcar.

Uma história que se confunde com a do desenvolvimento do Estado, lastreado no desenvolvimento do interior.

Em 1766, o capitão-geral de São Paulo, Dom Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, encarregou Antônio Corrêa Barbosa de fundar uma povoação na foz do Rio Piracicaba.

No entanto, o capitão povoador optou pelo local mais apropriado da região, a margem direita do salto, a 90 quilômetros da foz, onde habitavam os índios paiaguás e onde haviam se fixado alguns posseiros.

Em 1º de agosto de 1767, era fundado oficialmente o povoado de Piracicaba, que seria ponto de apoio para as embarcações que desciam o Rio Tietê e daria retaguarda ao abastecimento do Forte de Iguatemi, na fronteira com o Paraguai.

A agricultura era o principal fator de desenvolvimento do povoado e nela se destacavam a cultura e os engenhos* de processamento da cana-de-açúcar, que em pouco tempo levariam à transformação do povoado em freguesia. Em 1784, a freguesia foi transferida para a margem esquerda do rio, logo abaixo do salto, onde terras melhores favoreciam sua expansão.

* Em 1778, eram três os engenhos. Em 1799, o número de engenhos saltava para nove. Em 1807, era fundado o Engenho Limoeiro, pelo senador Vergueiro. Em 1896, havia 78 engenhos em Piracicaba, responsáveis por um quinto da produção de açúcar da província.

Em 1836, a pequena freguesia passou a se chamar Vila Nova da Constituição. Em 1877, por petição do então vereador Prudente de Moraes, mais tarde primeiro presidente civil do Brasil, o nome da cidade foi oficialmente mudado para Piracicaba: lugar onde o peixe pára.

Nesse mesmo ano, era inaugurado o ramal da estrada de ferro entre Piracicaba e Itu, que estabelecia uma conexão entre o transporte fluvial e o ferroviário.

Em 1881, era construído o Engenho Central, que representava um avanço na estrutura produtiva, pois industrializava a cana de forma centralizada e com equipamentos modernos e empregava pela primeira vez mão-de-obra assalariada no município, em contraste com os pequenos engenhos das fazendas.

Na virada do século, Piracicaba tornava-se a maior produtora de açúcar da América Latina.
Marcante na história de Piracicaba foi a constituição de algumas de suas prestigiosas instituições de ensino.

Em 1881, era fundado pela missionária metodista norte-americana Martha Watts o Colégio Piracicabano, com um avançado padrão de ensino para a época. Desse hoje centenário colégio, surgiria em 1975 a Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), atualmente com cerca de 10.000 alunos.

Em 1892, Luiz de Queiroz doava ao governo do Estado de São Paulo a Fazenda São João da Montanha, para que ali fosse construída uma escola agrícola. Em 1º de maio de 1901, as matrículas eram abertas e, hoje, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), pertencente à Universidade de São Paulo (USP), comemora seu centenário com reconhecimento internacional.

No início do século XX, a base da economia do município continuava sendo a agricultura, em que se destacavam o café e a cana-de-açúcar. Surgiam também, implantadas pelo grupo empresarial local Dedini, fábricas de acessórios para usinas.

Consolidado esse quadro, Piracicaba chegava aos anos 50 com um complexo agroindustrial desenvolvido, quando passou a ser conhecida como A Capital do Açúcar.

Nesse período, iniciava-se no Brasil, assim como em quase toda a América Latina, uma política de substituição de importações. Em Piracicaba, intensificava-se a atividade industrial do setor de alimentos ligada à produção açucareira.

As fábricas existentes eram ampliadas, novas fábricas eram instaladas e o Grupo Dedini se consolidava como o maior do País no setor, com grande importância para a economia da cidade. Esse surto de industrialização começava a promover uma intensa migração rural-urbana que caracterizaria os anos seguintes.

A partir de 1970, desenvolveu-se um importante processo de diversificação econômica no município, com a implantação de um parque industrial complexo. Nesse cenário, se destacariam as indústrias mecânica e de maquinário agrícola, metalúrgica e de papel e papelão.

A vinda da Caterpillar, produtora de máquinas rodoviárias, marcou o começo da chegada de modernas indústrias de capital estrangeiro de novos segmentos industriais. Além disso, a criação do Pró-Álcool, em 1975, deu um grande impulso às usinas e destilarias, historicamente fortes na região, promovendo o desenvolvimento do parque industrial voltado para o setor.

Todos os problemas decorrentes do modelo de desenvolvimento do período se reproduziram na região de Piracicaba, como a concentração da terra e da renda, a diminuição da produção per capita de alimentos e o êxodo rural.

E, com este, os problemas da favelização e da ocupação de áreas verdes e de risco, além da pressão sobre as infra-estruturas de saúde, educação e transporte.

É importante observar a força influenciadora da cana-de-açúcar na formação socioeconômica e cultural da região.

Por mais de 200 anos, a história de Piracicaba esteve ligada à cultura da cana-de-açúcar, o que fez com que o município tivesse tido sempre um perfil muito próprio.

Fonte: Matéria enviada por:  José Eduardo de Oliveira Bruno  - SP, junho de 2004.
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