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Estações de Ferro
Ralph
Mennucci Giesbrecht
Passo
pela via Dutra ou na rodovia Ayrton Senna e vejo as cidades ao longo da estrada.
Ao contrário de outras regiões do Estado, aqui no Vale a maioria das cidades já
existia quando a linha do trem chegou, nos anos 70 do século 19. Como no resto
de São Paulo, aqui também as ferrovias trouxeram o progresso, com empregos e
obras de artes em muitos casos belíssimas. E trouxeram também a opção de o
cidadão poder sair de sua terra e em poucas horas chegar a lugares que até então
poderiam tomar dias de viagem desconfortável.
Durante
cerca de cem anos a ferrovia foi a melhor opção de viagem no Brasil. Quem não
teve um tio, um avô ou qualquer outro familiar ferroviário? Era um emprego
sofrido, mas que dava dignidade e que sustentava inúmeras famílias. Aí, por
motivos vários, mas cujos principais fatores foram o aumento do custo da mão
de obra de manutenção e a clara opção do governo por um quase monopólio de
transporte rodoviário, as ferrovias foram caindo no abandono. Pelo interior
afora, diversas delas foram sucateadas, com seus trilhos, imóveis, locomotivas,
carros e vagões. E até que no Vale do Paraíba a principal delas continuou por
ali, até hoje em operação.
É
verdade também que algumas linhas foram sendo substituídas por variações
mais modernas, com menos curvas e aclives, por motivos econômicos, primordiais
para a sua sobrevivência. O Vale do Paraíba tem exemplos de diversos casos.
Começou
com a Estrada de Ferro Dom Pedro II, vinda do Rio de Janeiro, no início dos
anos 70 do século 19. Com diferença de tempo muito pequena, a Estrada de Ferro
do Norte, também chamada de E. F. São Paulo-Rio, começou a ser construída
vinda de São Paulo para se encontrar com a outra
Todas
elas, com exceção das de Campos do Jordão e de São José do Barreiro, esta
desativada em 1928, acabaram caindo nas mãos da saudosa Central do Brasil. As
linhas que vinham de São Paulo e do Rio de Janeiro acabaram unidas com a mesma
bitola larga em 1908 e se tornaram o ramal de São Paulo, a melhor linha da
Central. Por mais de cem anos, estações foram sendo construídas e demolidas
para dar lugar a outras maiores e mais modernas, prédios que enquanto eram
utilizados com regularidade eram muito bonitos, majestosos, mesmo. Com a sua
desativação a partir principalmente dos anos 80 do século 20, começou o
abandono. Mas, curiosamente, mesmo abandonados e depredados, conservam sua
beleza, num paradoxo de difícil compreensão.
Pouquíssimas
estações do ramal de São Paulo estão ainda tendo alguma utilidade para a
atual concessionária da linha, a MRS, como por exemplo a estação de São José
dos Campos. Mal cuidada, ela ainda é bonita. Infelizmente, as concessionárias
não têm o menor interesse na restauração desses prédios, quase sem
utilidade para elas. Esta estação foi aberta em 1925, para substituir a outra
que ficava na parte alta da cidade e desativada justamente para que o trem não
tivesse mais de subir e descer o Banhado.
Hoje,
quando olhamos o abandono, o descaso enorme, como em Guaratinguetá,
perguntamo-nos por que não cuidamos do que é belo.
Estações
pequenas, pouco usadas por passageiros quando havia trens para isso, foram as da
variante do Parateí. Essa linha foi construída para substituir o trecho entre
Poá e São José dos Campos nos anos 50, passando por regiões pouco habitadas.
A linha velha, porém, foi utilizada até fins dos anos 80, e a variante somente
a partir daí carregou todos os cargueiros entre Rio e São Paulo. O trem de
Prata passou por ela nos anos 90, mas nem dava bola para as pequenas e já
abandonadas estaçõezinhas. Uma delas ainda está de pé ao lado da via Dutra,
perto de onde essa linha cruza a rodovia, ali perto do cruzamento com a Ayrton
Senna. Ela se chama Remédios. Alguém sabe seu nome? Alguém se lembra dela?
Pois é, ela está ali, depredada... Como depredada está também Limoeiro, na
linha velha, ali na área industrial de São José, e muitas outras, perdidas
por aí.
Cada
uma das inúmeras estações do Vale do Paraíba tem uma história na maioria
das vezes triste e de esquecimento. São lugares que já tiveram um enorme
movimento e que deram uma contribuição significativa para o progresso do País.
É realmente uma pena que não se cuide dessas estações, armazéns, casinhas
de turma abandonadas ao longo da linha e que somente por milagre não foram
derrubadas. As idéias para o reuso de todas elas são inúmeras, mas falta
dinheiro e vontade política. Afinal, memória é fundamental na construção do
patriotismo, na construção de uma Nação.
E.
F. Resende-Bocaina (c. 1890-1928)
SÃO
JOSÉ DO BARREIRO
Município
de São José do Barreiro
tronco
- km R/T-08
Inauguração:
c. 1890
Uso
atual: sede de sindicato rural sem trilhos
Data
de construção do prédio atual: anos 90 (século XIX)
HISTÓRICO DA LINHA:
A
E. F. Resende a Bocaina foi aberta em 1877, em seu primeiro trecho ligando a
estação de Suruby, RJ (mais tarde, Oliveira Botelho), no ramal de São Paulo
da E. F. Dom Pedro II (depois Central do Brasil) à estação de Estalo. Somente
nos anos 1890 é que atingiu a cidade de São José do Barreiro, SP, na serra da
Bocaina (daí o nome da ferrovia), com bitola métrica, totalizando
A ESTAÇÃO:
A
estação de São José do Barreiro foi aberta na última década do século
XIX, junto com o prolongamento que vinha de Formoso. Também era conhecida como
estação do Barreiro. Era a estação terminal desde a sua inauguração,
embora também fosse citada como terminal a estação de Tibiriçá,
aparentemente uma pequena parada junto ao girador de locomotivas, pouco mais à
frente. Desta, a ferrovia deveria seguir para Areias e chegar a Queluz e
Itatiaia, enquanto outros dois ramais eram também previstos: um para Cruzeiro e
outro para Paraty. Nenhum deles acabou sendo construído. O prédio da estação,
depois de servir por muitos anos como Câmara Municipal, é hoje sede do
sindicato rural do município. (Fonte: Marco A. Giffoni)
Biografia
Também
é autor de dois livros, "Sud Mennucci - Memórias de Piracicaba, Porto
Ferreira, São Paulo..." e "Um dia o trem passou por aqui", que
conta a história e as estórias dos trens de passageiros no Estado de São
Paulo... e as saudades que eles deixaram. Além disso, escreve artigos para
jornais e revistas de diversas cidades do Estado.Ralph Mennucci Giesbrecht
nasceu
Fonte:
Matéria enviada por:
José Eduardo de
Oliveira Bruno - SP, junho de
2004.
E-mail: jeobruno@uol.com.br e ou/ jeobruno@hotmail.com
http://www.estacoesferroviarias.com.br/ - http://www.valedoparaiba.com/terragente/artigos/index.html