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BIO-BIBLIOGRAFIA
JOSE EZEQUIEL FREIRE DE LIMA
Cadeira nº 20 - Patrono - Fundador -Titular
O PATRONO
Ezequiel
Freire, patrono da cadeira n.20, era um publicista de alto mérito. Nasceu em
abril de 1849, e faleceu muito moço, aos quarenta e um anos de idade, em
Caçapava, neste Estado.
Rezende,
no século passado, foi um viveiro de espíritos de larga envergadura, tais como
Raul Pompéa, Luiz Pistarini, Martins Junior e, dentre os mais ilustres Ezequiel
Freire, que apesar de sua breve existência, exerceu grande influencia no
pensamento brasileiro de seu tempo e deixou profundamente assinalada a sua
personalidade literária, social e política.
Foi um autêntico e espontâneo poeta, e um escritor de aptidões multiformes. Mas tanto no verso, como na prosa, manifestou um profundo senso de nosso meio e intrépido amor às nossas realidade. Rompendo com a obra de imaginação do romantismo e do lirismo, que dominavam em sues dias, ele embebeu-se no seio de nossa terra e de nossa gente e colocou, no fundo de todas as suas produções, temas e motivos nacionalistas, integrando-se nos problemas ambientes, neles tomando posição definida e própria e combatendo pelos seus ideais através de suas crônicas, de seus contos, de seus artigos de doutrina, de sua crítica e de seus versos. O "Correio Paulistano" foi o órgão de imprensa que mais assiduamente e demoradamente exerceu a sua atividade, como o brilho de seu estilo fluente e escorreito. Escreveu também para a "Província de São Paulo", para o "Diário Popular", em São Paulo, e para a "Gazeta de Notícias" e outros grandes órgãos, no Rio. Assinava também com freqüência variados trabalhos nas principais revistas do país.
Quer como poeta, que estreiou com as primeiras de suas "Flores do Campo", quer como prosador, sua obra foi eminentemente construtiva, pelo espírito nacionalista que lhe constituiu o alicerce e que dele fez uma individualidade definida e própria. Quando analisava, em estrofes vibrantes, a nodoa da escravidão, era para edificar a economia da nação nas bases do trabalho livre; e quando se batia contra as instituições monárquicas, era para fortalecer a nossa formação política com o cimento aglutinante das nossas liberdades, fundamentais. Foi um semeador de grandes sentimentos e grandes idéias.
Pelo colorido de sua capacidade descritiva e pela beleza de sua forma literária, as suas produções marcaram uma época de elevação mental. Depois de seu passamento, foram agrupados em um volume, intitulado "Livro Póstumo" muito de seus contos e de suas crônicas e de suas críticas, que o saudoso poeta paulista Wenceslau de Queiroz prefaciou.
São, porém, apenas algumas centelhas e jóias de seus acervo literário, que um dia ainda será reunido em um só corpo, dentro da unidade de seu pensamento nacionalista, de que foi um ilustre precursor em nossa literatura.
Fonte: Revista da Academia Paulista de Letras, pág. 138 e 139.