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O CAMINHO NOVO: POVOADORES DO BANANAL

PÍNDARO DE CARVALHO RODRIGUES

 

TÍTULO RODRIGUES

 

EM 28 de novembro de 1807, D. João VI, Rei de Portugal, como conseqüência da invasão napoleônica do território português, teve de fugir do seu país, sob a proteção da esquadra inglesa, dirigindo-se ao Brasil, com toda a sua corte e mais 15.000 pessoas, transportadas em 16 navios.

   Em 22 de janeiro de 1808, chegando à sua colônia, além de muitas outras providências políticas, econômicas, administrativas e sociais, tratou desde logo de abrir os portos aos países amigos e de atrair para a mesma, povoadores portugueses, suiços e alemães, oferecendo-lhe atraentes vantagens.

   A primeira nomeação para o cargo de Intendente Geral de Polícia, recairá no Desembargador e Ouvidor Geral do Crime, Conselheiro Paulo Fernandes Viana, carioca, formado em direito pela Universidade de Coimbra.

   Este, ao iniciar sua gestão, promoveu a vinda de centenas de casais ilhóes, procedentes do arquipélago dos Açores, "a fim de aumentar a população branca deste país", segundo suas próprias palavras.

   Em fins de 1808, entre esses casais e procedente da Ilha Terceira, chegara um constituído por Sebastião José Rodrigues e Inácia Maria de S. José, casados em 1799, na ilha do Faial.

   Ambos tinham a mesma idade, nascidos que foram em 1777, o primeiro em Portugal, na antiga província do Douro, hoje distrito de Aveiro, Concelho de Águeda, freguesia do Agadão, e a segunda na ilha do Faial, do dito arquipélago. Trouxeram a primogênita Maria, nascida em 1800, na Ilha Terceira, e um irmão de Sebastião, Manoel Alves de Lima.

    Sebastião José Rodrigues faleceu em 3 de setembro de 1856, na fazenda da "Água Comprida", Bananal, S. Paulo; era filho de Antonio José Rodrigues e de Josefa Maria, ambos da freguesia de Agadão, onde nasceram e faleceram.

    Inácia Maria de S. José faleceu em 20 de novembro de 1855, no mesmo local que seu marido; era filha de Francisco Mendonça e de Quiteria Inácia, nascidos e falecidos na Ilha do Faial.

    Sebastião e Inácia estão sepultados no cemitério municipal (Alto do Morro) de Bananal, segundo descobrimos em 1955 apesar dos estragos consideráveis existentes no túmulo, que ainda conserva um gradil de ferro muito enferrujado em torno do mesmo, onde estão as iniciais S.J.R. e a data: 1856. Com dificuldade encontramos um pedaço da lápide, no fundo do túmulo aludido, com a seguinte inscrição: "Sebastião José Rodrigues, nascido em 1777 e falecido em 23 de setembro de 1856".

    Sebastião José Rodrigues desejando dedicar-se à lavoura, e informado quanto a excelência das terras virgens situadas a beira do Caminho Novo, resolvera adquirir uma extensão de terras, cobertas ainda de espessas matas milenares, no local chamado "Agua Comprida", pertencente à Freguesia do Senhor Bom Jesus do Livramento de Bananal, Vila de São Miguel das Areias, termo de Lorena, Comarca de Guaratinguetá, onde fora residir com sua família.

    Edificou, no início, uma casa de morada modesta que, aos poucos, foi se transformando em um enorme sobrado setecentista. As excelentes madeiras, provenientes das derrubadas para as culturas, foram aproveitadas na construção. Dentre elas citaremos: a canela preta (nectranda puberola) e a parda (nectandra nitidula); o jacarandá rosa (machaerium incorup-tile), o preto (machaerium legale) e o caviúna (dalbergia negra); o cedro (cedrela odorata): a graúna ou baraúna (malanoxylon braúna), madeira preta de extraordinária resistência a durabilidade, por isso muito empregada para esteios mestres das casas antigas, além de outras.

    Cultivou, a princípio, o milho, a mandioca, o feijão, a cana-de-açúcar, o anil e, pouco depois, o cafeeiro.

     Essas terras pertenceram antes a Luiz José de Almeida (nosso tetravô materno), herdadas de seu pai, Alferes Pedro de Almeida Leal, o sesmeiro primitivo dessa região, natural de Portugal (Ilha da Madeira) e falecido em 1789, em Bananal, tronco da família Almeida dessa cidade. (Sesmeiro n. 7, citado).

O nome de "Agua Comprida", pelo qual ficara sendo conhecida toda a região, teve sua origem pelo fato de haver um pequeno rio, estreito e comprido, desde suas cabeceiras, que corta a maior parte das ditas terras a vai desaguar no rio Bananal, onde se acha a Fazenda das "Três Barras". D. Pedro I pernoitou nesta última fazenda por duas vezes, em 1822, quando de sua viagem a S. Paulo, por ocasião da Independência, sendo a 1.ª em 16 de agosto.

     Manoel Alves de Lima, irmão de Sebastião, que também viera para a mesma região, fundou um sítio nas cabeceiras da "Água Comprida".

O cafeeiro já vinha sendo plantado em Bananal desde 1782, com sementes oriundas de Resende, na fazenda de um tal Bahia, morador nessa última cidade, segundo menciona o Dr. João de Azevedo Carneiro Maia.

    Sebastião José Rodrigues acompanhou o progresso da região, plantando muito café, cuja produção era transportada por meio de tropas durante todos os períodos do ano, para Jurumirim e Ariró, em Angra dos Reis e Mangaratiba (via Passa-Três), grandes entrepostos da época, através dos sertões, pelas estradas calçadas, construídas em certos trechos pelos fazendeiros interessados, e, em outros, auxiliados pelos governos provinciais de S. Paulo e Rio de Janeiro.

    Bananal iniciava a época das grandes plantações de café, que lhe dariam rendas enormes e um período de opulência, tanto quanto para os fazendeiros. As maiores rendas foram auferidas no período de 1837/70 atingindo seu clímax no exercício de 1864/65, quando sobrepujou a própria capital de S. Paulo, na arrecadação das mesmas.

    Do casal em questão advieram oito filhos, todos nascidos na fazenda da "Água Comprida", em Bananal/SP, com exceção da primogênita como vimos. Pais de:

 

Cap. I Maria Josefa da Conceição, nascida em 1800

Cap. II José Rodrigues da Rosa, nascido em 1809  

Cap. Ill Joaquim José Rodrigues, nascido em 1811

Cap. IV Joaquina Maria de Jesus, nascida em 1812

Cap. V João José Rodrigues, nascido em 1814

Cap. VI Rosa Maria de Jesus, nascida em 1816

Cap. VII Teodora Maria de S. José, nascida em 1818

Cap. VIII Ana Maria de S. José, nascida em 1820 solteira

 

Fonte: Do livro "O CAMINHO NOVO:POVOADORES DO BANANAL (1980) de Píndaro de Carvalho Rodrigues