O PRIMEIRO PADRE NA MATRIZ DE
RESENDE
O
PADRE FELIPE TEIXEIRA PINTO celebrou a primeira missa, rezada na primeira
Capela erigida no promontório, à margem esquerda do rio Paraíba, defronte a
atual rua Padre Manoel dos Anjos, em 25 de maio de 1747, por força da Provisão
eclesiástica de 12 de maio, do Ordinário do Rio de Janeiro, no «Campo Alegre da
Paraíba Nova», sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição.
O padre Felipe se incorporara na caravana do Coronel Simão da Cunha Gago pois
era capelão de N. S. do Rosário de Airuoca . Espírito aventureiro se abalançara,
com o sertanista bandeirante, na projetada incursão às selvas dos contrafortes
da Mantiqueira. No dizer de historiadores, a intenção projetada era para
exploração do ouro, que naqueles tempos difíceis medrava, ou a conquista do
gentio, a escravização do aborígene, justificando, em ambos os casos, às famosas
«bandeiras» que se organizavam varando o sertão silvestre.
O padre Felipe era fervoroso devoto de N. S. da Conceição ,e ao deixar sua
capelania, em 1744, e internar-se no desconhecido, não se esqueceu de levar na
bagagem de viajeiro, a sua pequena Imagem da santa predileta. Assim, a Capela
tosca que se construíra nas terras resendenses, se fizera marco inicial da vida
civilizada da região, e teve por Padroeira, a Virgem Santíssima da Conceição,
essa mesma imagem, doce e suave, uma jóia em sua espécie, na expressão que o
artista lhe imprimia, com a segurança de artezão genial, a se inspirar no buril
e fazer o belíssimo conjunto das feições, em dura madeira de Lei.
A Santa se encontra na Matriz de Resende, visitada e adorada por fiéis, e no
conceito do povo, é uma Imagem Milagrosa, pois nos incêndios que sofreu a
Matriz, a Santa sempre ficou à margem da voracidade das chamas. O 1°
incêndio é relatado pelo historiador Dr. João Carneiro de Azevedo Maia, em seu
livro Do Descobrimento do Campo Alegre, em 1886 — «Os assentos desses
casamentos, feitos desde o princípio da freguezia, se queimaram em um incêndio
na casa em que se conservavam, e constariam pelos depoimentos dos cônjuges,
salvos do estrago, e reduzindo a forma, bem como outros semelhantes, e avulsos
que existiam na casa do cartório, por só ter lançado mão deles em tempo oportuno
«,. .. entre outras relíquias da Igreja antiga, demolida em 1833, foram
recolhidos à nova Matriz, onde se acham ainda, uma pequena Imagem de madeira, da
Senhora Conceição (Padroeira)».
Outro incêndio seríssimo foi em Janeiro de 1874 — «uma faísca elétrica
atingiu a Matriz incendiando o Altar Mor, e que no momento ocorreu detalhe que
impressionou intensamente o espírito público, dos mais devotos à renitentes
incréos. No altar, arreiado de cortinas, os planejamentos multicores, engalana o
de festões e ramalhetes de flores artificiais, de papel, repousavam em andores
as imagens de N. Senhora, de São Joaquim e de São Manuel, provida de grandes
resplendores de prata. A centelha circunvagara por entre as sagradas figuras. As
labaredas colearam, ao derredor dos adereços de prata que, no entanto, não se
fundiram à ação direta das línguas de fogo, que sobrepujavam rubras. As imagens
não sofreram o menor dano» (jornalista Cel. José Alfredo Sodré).
O terceiro, foi o impiedoso incêndio na Matriz em 22 de agosto de 1945, e a
imagem não se encontrava no recinto. O mesmo jornalista, Alfredo Sodré, descreve
mostrando a riqueza da Matriz Secular, que o fogo insaciável arrasou ao cabo de
duas horas de dramática expectativa. «Era uma Igreja secular, o Templo
histórico e artístico, era delicadíssima jóia arquitetônica do patrimônio
eclesiástico fluminense, que o incêndio voraz destruirá em curto espaço de
tempo. Erguida há mais de um século, ao calor da fé inquebrantável, da ação
criadora dos ancestrais desta terra, colocada pedra sobre pedra, através dos
anseios da alma cristã dos resendenses. A Matriz ponteando na magnificência
deslumbrante, de primor artístico, em que a Capela Mor dir-se-ia finíssimo
escrínio das custosas jóias que constelavam o colo das nobilíssimas damas de
Resende de antanho!!!...»
O saudoso Pedro Braile neto,, escreveu um poema no jornal «O Municipal» «SENHORA
DA CONCEIÇÃO». Encorajando a bandeira de Simão da Cunha Gago o protegendo-a na
altura da fé que ela Te depositava, fizeste Senhora Conceição — com que o
valente paulista fundasse, há duzentos e tantos anos, o povoado de Campo Alegre,
que foi entregue a Tua guarda, com o nome da Nossa Senhora da Conceição do Campo
Alegre da Paraíba Nova. . . E a Tua proteção nunca faltou ao Campo Alegre
daqueles tempos difíceis ou à opulência da risonha Resende de nossos dias. .
A imagem da Santa tem apenas 65 centímetros de altura por 18 cm de
circunferência, sem contar a coroa toda de prata, com 12 cms. .
BRAZÃO
DE ARMAS DA CIDADE DE RESENDE
A Câmara
Municipal de Resende, decretou a Resolução n° 252, de 29 de setembro de 1955, e
o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Geraldo da Cunha Rodrigues, Promulgou a Lei que o
Município de Resende, adota o BRAZÃO DE ARMAS, Lei sancionada com a honrosa
presença de S. Excia. o Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Miguel
Couto Filho, na sessão solene que então se realizou na edilidade.
A heráldica, como diz Armando de Mattos, em seu «Brazonário de Portugal», faz
parte integrante da História Pátria. Eis porque em todos os países cultos
florescem, ao lado dos institutos históricos, os de heráldica e genealogia. São
todas as três instituições gêmeas que tecem e entrelaçam a história da terra e
do sangue. O Brazão, heraldicamente, traduz a vida passada e marca em cores, o
destino do pedaço de chão que pisamos.
Tivemos a honra de idear, estudar, interpretar, e depois sugerir ao Sr. Dr.
Geraldo da Cunha Rodrigues, então Prefeito Municipal, a adoção do Brazão que
contem
a COROA MURAL, símbolo de Independência política do Município;
o AZUL que representa o céu límpido que agasalha o clima ameno e puro de suas
montanhas;
a COROA DE OURO, colocada na amplidão desse azul celeste, que é o céu de nossa
Pátria, adornada de esmeraldas, rubis e safiras, simboliza a grandeza de NOSSA
SENHORA DA CONCEIÇÃO, a Santa tutelar, vigilante dos nossos lares, guia de
nossos passos, que na sua realeza, abençoa as famílias resendenses, a cidade e
suas riquezas. Irradiando sua bondade maternal, Ela encima a Cordilheira, as
AGULHAS -NEGRAS com seus picos voltados para o céu, demonstração dos elevados
sentimentos do povo desta terra; o VERDE representa a função da Terra perante o
Homem, pois que é dela que se tira o sustento da vida. Nesses campos
verdejantes, ricos pela fertilidade que a Providência os dotou, baseiam-se e se
alicerçam a agricultura, a pecuária e as indústrias do Município;
a FAIXA de prata, que corta o CAMPO ALEGRE, simboliza o Rio Paraíba que depois
de correr por entre colinas, vilas e cidades do Estado de São Paulo, estende-se
por todo aquele vale, dizendo estar ali, para fertilizar a sua terra, ajudá-la a
tirar os benefícios incomensuráveis que produz, para alimentar todo esse povo
laborioso; o CASTELO é o prêmio concedido pela boa vontade dos homens da
lendária Resende, a ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS __ AMAN __ onde se forja
o cérebro e se cinzela o coração; onde se solidifica o espírito daqueles que
terão mais tarde a responsabilidade de defender a nossa Pátria, de zelar pela
tranqüilidade dos lares brasileiros, de preservar a sociedade e conservar a
integridade do imenso território do Brasil; os ramos de CANA DE AÇÚCAR e de CAFÉ
envolvem o campo do BRAZÃO, põe em relevo e destaque os produtos principais de
sua agricultura. — Resende nasceu embalada pela viração que roçava pelos seus
enormes canaviais e adormeceu acalentada pelas toadas das moendas de seus
engenhos, entre os quais se avulta o Engenho Central da antiga Colônia de Porto
Real, com as plantações a se perderem de vista, na sarabanda de seus canaviais;
o CAFÉ, a primeira riqueza do município, como ainda o é do próprio Brasil; no
LISTEL, com a legenda se estabelece a data de 29-9-1801, centésimo qüinquagésimo
quarto aniversário da fundação da Vila de Resende a antiga NOSSA SENHORA DA
CONCEIÇÃO DO CAMPO ALEGRE, DA PARAÍBA NOVA.
Daí sentirmos, talvez, por reação atávica, que apesar da extensão da antiga
designação, reduzida a apenas sete letras, não deixou de pulsar em nosso coração
a lembrança, sempre grata daquele primeiro nome, com o qual o bandeirante
CORONEL SIMÃO DA CUNHA GAGO, com sua vontade férrea, lançou as bases deste
núcleo social, hoje transformado nesta bela, grandiosa e hospitaleira cidade de
Resende; e, depois, a outra data histórica, a de 12-7-1848, elevação da Vila à
categoria de Cidade de Resende.
Para dar mais ênfase a apresentação do nosso projeto junto a Câmara Municipal,
levamos prontos três Pergaminhos com o BRAZÃO em cores, convidando descendentes
dos «Primeiros Povoadores de Resende» a assinar conosco aqueles documentos, para
perpetuar seus nomes, na sugestão aos altos poderes do Município, a adotar o
BRAZÃO DE ARMAS, que aqui vemos.
São os seguintes doadores:
Sebastião Rodrigues Filho, neto de Francisco Pereira Vianna, o político. Dr.
Naur Martins, neto da Rainha do Café da Província, Da. Maria Benedicta Martins,
esposa do Comendador Joaquim José Gonçalves.
Dr. Hilário Freire, ex-deputado, neto do Comendador José Manuel de Campos
Freire, Oficial da Guarda de Honra de D. Pedro I.
Dr. Jayme Pereira Vianna, 9° Prefeito do Município, tneto de Roque Bicudo Leme.
Da. Amélia da Rocha Miranda Cortines Laxe, filha do Barão do Bananal. Dr.
Alfredo Freire, filho do Laureado poeta Dr. Ezequiel Freire.
Nazir Guerreiro Maia, neto do Dr. Joaquim de Azevedo Carneiro Maia, ex-Prefeito
e ex-Deputado Provincial.
Comendador Lauro Maia Coutinho, neto do historiador Dr. João de Azevedo Carneiro
Maia. Dr. Virgílio dos Santos Magano, neto de Crisóstomo dos Santos Magano,
professor de Letras da Casa Imperial.
Dr. Luiz Pereira Barretto, neto do Comendador Fabiano Pereira Barretto. Henrique
Jardim Villaça, neto de Francisco José Villaça, o 1* industrial resendense. Dr.
Ulysses de Souza Ferrenoud, esposo de Da. Maria da Glória Cleto da Rocha. Dr.
Nilo Gomes Jardim, tneto. do Tenente Domingos Gomes Jardim.
Itamar Bopp, casado com Sylvia Miranda Bopp, 7a. neta do Sargento-Mór Vitorino
Correia da Costa.
O então Prefeito Dr. Geraldo da Cunha Rodrigues, nos enviou «em nome do Governo
Municipal o Ofício n. l/P/56 agradecendo, na qualidade de um dos doadores do
Brazão de Resende, cujo símbolo revive as honrosas tradições do seu povo, pondo
em relevo as imensas possibilidades de nossa terra».
—Esta não é uma simples explicação destinada a nos atribuir a paternidade do
símbolo heráldico de Resende: trata-se de um registro histórico, a que somos
obrigados, por dever, com os pósteros.
ITAMAR BOPP
PRIMEIRA PARTE
VIGÁRIOS DA PARÓQUIA DE RESENDE
VIGÁRIOS E PADRES NA PARÓQUIA DE RESENDE
1) Padre Felipe Teixeira Pinto,
capelão — desde 12-V-1747 até seu f 09-VII-1765.
2) Padre Henrique José de Carvalho,
nomeado por Carta de 23-IX-1767 f 1789.
3) Padre António de Mattos Nóbrega de
Andrade.
4) Padre José António Martins de Sá,
vigário confirmado em 1808 t 1827.
5) Padre Francisco Xavier de Tolledo,
capelão desde 1748 na catequese dos índios na Aldeia de São Luiz Beltrão (S.
Vicente Ferrer) t 27V-1820.
6) Padre Ignácio Ferreira Franco,
desde 1831 — leia a gênese.
7) Padre Felipe José Corrêa de Mello,
desde 1857. Chefe político, vereador e deputado provincial f 12-IX-1872.
8) Padre Laureano Serpa.
9) Padre José Francisco dos Passos Seabra.
10) Padre João da Matta Tarlé,
rezou a 1ª missa aos 21-XII-1874 e 1* missa na Capela de N. S. do Rosário a 24-IX-1880.
Solicitou dispensa em 18-VI-1891.
11) Cónego Miguel Calmon de Aragão
Bulcão, rezou a 1ª missa na matriz em 09-VI-1891 e a última em 13-IX-1922,
f a 15-IX 1922, no Rio de Janeiro. Sepultado no Cemitério dos Passos, segundo
sua vontade. A atuação do Cónego Bulcão foi de maior relevo e de mais fartos
benefícios. Emancipado de preconceitos e por suas qualidades morais, se impôs a
estima e veneração do povo resendense.
12) Padre Arthur Veiga Braga,
rezou 1ª missa 16-IX-1923.
13) Padre Alexandre Gonçalves Camello,
português, rezou 1ª missa 16-IX-1923.
14) Padre Cícero Machado Salles,
1ª missa a 15-VIII-1924 saiu a 02-IX-1923. Leia a génese.
15) Cónego António Aurélio Cezar de
Magalhães, 1ª missa a 09-IX-1923. génese.
16) Padre Vicente Sombrock.
17) Cónego João Baptista Cezar,
rezou 1ª missa a 09-II-1927 e a última aos 14-X-1930. t no Instituto Paulista
aos 21-XI-1930.
18) Monsenhor José Sundrup,
cura desde 1930. Investido com a dignidade de Monsenhor em 1934.
19) Monsenhor Ludovico Stanuch,
rezou 1ª missa em 16-VI-1944. Elevado à dignidade de Prelado Doméstico de
SS. o Papa em 20-VI-1954.
20) Pároco Orsio Papacchioli
— vigário de Itatiaia, foi nomeado pela Provisão de 27-X-1955, assinada
por D. Josephus Andreas Coimbra, vigário substituto a pedido do Monsenhor
Ludovico Stanuch, que se transferiu provisoriamente para o Rio de Janeiro onde
foi empossado pelo Cardeal D. Jaime de Barros Câmara, Capelão e Reitor da Igreja
de N. S. da Piedade do RJ., para organizar planos de trabalhos e obras
assistenciais e sociais em benefício de seus patrícios poloneses. Aí permaneceu
um ano, regressando ao seu posto em Resende, em fins de 1956.
VIGÁRIOS E PADRES
NA PARÓQUIA DE RESENDE
RESENDE, pelo seu passado histórico, sempre teve papel preponderante nos
acontecimentos da vida nacional, tanto no período Imperial como na República.
Foi berço de ilustres cidadãos prestantes que, com suas obras de devotamento,
deram as mais belas provas de amor ao Brasil.
Ao lado desses eminentes cidadãos, também estiveram os Padres, trabalhando com
dedicação, sem descanso nas suas iniciativas, e com os olhos voltados para o
rebanho de fiéis, aglutinando ao seu redor, admiradores e amigos de elevada
projeção social s política. Os Padres desfrutavam como ainda desfrutam de
regalias e autoridade nos assuntos eclesiásticos, políticos e no seio das
sociedades.
A Freguezia, desde o início, teve párocos próprios, sendo o primeiro o PADRE
FELIPE TEIXEIRA PINTO, que criara e servira a mesma Igreja, por Carta de 13
de dezembro de 1759, e confirmação no dia 4 do mesmo mês do ano seguinte, até o
dia 09 de julho de 1765, data em que faleceu. «A Provisão de 12 de maio de 1747,
para uso de um altar portátil, enquanto dispostas as madeiras paia esse
edifício, com oportunidade se pudesse levantar o templo. O Padre Teixeira Pinto
abandonou seus ministérios da Capela de N. S. do Rosário de Ayruoca, para
acompanhar a Caravana do Coronel SIMÃO DA CUNHA GAGO, paulista, nascido em Mogi
das Cruzes mancomunado com outros sócios, entrou pelo sertão da Capitania de
Minas Gerais «para o que assentou vivenda no sítio da lagoa denominada Ayruoca,
e aí, formou a «bandeira» para entrar na conquista do gentio, povoador e senhor
de todas aquelas vizinhanças, na Serra da Mantiqueira, rompendo afoitamente os
matos, atravessou rios e chegou às margens do conhecido com o nome de Paraíba,
de cujo lugar, divisou uma dilatada campina, muito aprazível, lançando aí os
fundamentos da cultura, e dando ao terreno o nome de CAMPO ALEGRE, com que
fizeram conhecido o país de novo habitado, «Memórias Históricas de Monsenhor
Pizzaro de Araújo».
A antiga Freguezia de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre era muito
extensa. A linha divisória atingia ao Norte, pela Freguezia de Airuoca, em MG.,
do Bispado de Mariana, pelo rio Paraúna; a Leste a Paróquia de SantAnna do
Piraí; ao Sul pela Comarca de SantAna das Areias do Bispado de São Paulo, e a
Oeste, o mesmo Bispado por um lado e por outro novamente o de Mariana, servindo
de linha divisória a Serra da Mantiqueira. A extensão de onde confrontava com a
Capitania de São Paulo, no lugar denominado Fortaleza até a vila de Barra do
Piraí, atingia a distância de 183 quilômetros.
Daí a razão da Paróquia de Resende contar com dezenas e dezenas de Padres,
Coadjutores, curas, capelães e encomendados nomeados pelos Párocos, para aliviar
o encargo da Administração da Paróquia. Na hierarquia eclesiástica,
primitivamente, serviam na Paróquia o Vigário da Vara, o Vigário da Paróquia e
os Coadjutores.
Sempre tivemos nosso pensamento voltado para as figuras desses notáveis homens,
de merecimentos próprios, de brilhantes qualidades, que no século passado
abriram os caminhos da civilização naquelas paragens sul-fluminenses,
desempenhando papel proeminente no progresso do Curato, da Freguezia, da Vila e,
por fim, da Cidade de Resende. Raros são os dados genealógicos encontrados,
desses servidores, pouco se sabendo de onde vieram e sua linhagem. Foi com este
propósito, o de conhecer e informar seus ancestrais, que iniciamos pesquisas na
Cúria Metropolitana de São Paulo, um dos maiores e mais bem montados arquivos de
onde conseguimos, por mercê da alta administração, colher dados das gêneses de
alguns Padres que serviram na Freguezia de Resende.
Registramos, com prazer, a informação do Monsenhor José do Patrocínio Lefort,
Chanceler do Bispado da Cidade de Campanha, que nos forneceu o fac-simile da
assinatura do Padre Felipe Teixeira Pinto (ver clichê), «segundo consta de um
compromisso do mesmo Padre, emitido na Irmandade do Santíssimo Sacramento de
Ayruoca, no ano de 1735, no dia 5 de março. Ali se encontra a rubrica: «natural
do Reino», o que indica ser ele português. Desde o ano de 1734 prestava ele seus
trabalhos em Alagoas, certamente na qualidade de minerador. Segundo Monsenhor
Pizzaro de Araújo, em Alagoas se achava um caminho escuso por onde era
recambiado o Ouro para o Ri» de Janeiro, sem ter que passar pelo Caminho Velho.
Aquela picada foi proibida, depois de revelada à autoridade, pelo Alvará Régio
de 25 de março de 1725, referendado a 29 de abril de 1727. Teria sido aberta por
António Gonçalves de Carvalho, filho de Diogo Gonçalves Corrêa, natural de Porto
e de s/m. Ana Rodrigues de Andrade, natural de Pindamonhangaba, e por este neto
de José Rodrigues Braga e de s/m. Maria Bicudo. Gen. Paul. vol. V. 394 e «em
Memórias Históricas do RJ. por Pizzaro de Araújo». (Casamento 509).
Figura, pela primeira vez, a sua presença em Alagoas no seguinte documento: «Aos
sete dias do mês de novembro de 1734, batizou e pôs os Santos óleos, de minha
presença, na Capela da Lagoa, o Padre Felipe Teixeira Pinto, a MARIA filha de
Francisco Martins Lustosa e de sua mulher Maria Soares Lustosa, e foram
padrinhos o Reverendo Padre e Maria Bicudo, mulher de José Rodrigues Braga,
todos moradores no Bairro da Lagoa desta Freguesia de N. S. da Cone. de Ayruoca,
e para constar fiz este assento, as) O vig. Inocêncio Araújo Menezes» (Livro 1
pág. 2).
A pedido do ilustre historiador, Diretor da Revista «Seleções Católicas»
Professor e Mestre Dr. Enzo da Silveira, escrevemos em 1960 «O Primeiro Padre na
Matriz de Rezende.. e o padre Felippe construiu com pedra e barro a Capela de N.
Senhora da Conceição, no mesmo local onde hoje se encontra a magnífica Matriz de
Resende, que o atual Monsenhor Ludovico Stanuch reconstruiu, depois do impiedoso
incêndio de 22 de agosto de 1945, — que só deixou do antigo Templo as duas
torres e a pequena imagem de madeira portuguesa da Santa Virgem da Conceição,
que o padre Felippe trouxera com a caravana, em 1744, e que continua na Matriz,
exposta à adoração e visitação pública. (Não dispomos de meios para biografar
Monsenhor Ludo-viço — que é o 19» Vigário da Paróquia, investido da dignidade de
Prelado Doméstico de SS. o Papa em 20-VI-1954. Homem de fé extraordinária,
trabalhador incansável, verdadeiro Pastor de Alma, pos mãos à obra, aproveitando
as duas torres que sobraram e recolocou a magnífica Matriz na sua santa missão,
Casa de Deus. Acredito que foi inspiração divina de N. S. da Conceição a
lembrança de S.S. o Papa Paulo VI de premiar, mais uma vez, aquele que sempre
fez o bem, que reconstruiu a Casa de Deus, a mais bela Igreja Matriz do Vale do
Paraíba, para reunir pobres e ricos, felizes e infelizes, que em romaria
procuram consolo, resignação e inspiração na pessoa do benemérito Monsenhor
Ludovico Stanuch. O querido e apreciado jornal «A LYRA», em 1954 publicou nossa
carta. . . «Estarei com V. Revma, em comunhão espiritual assistindo à Santa
Missa que D. José Coimbra, DD. Bispo Diocesano, celebrará no próximo dia 20,
para que todos rendamos graças a Deus, por sua elevação ã dignidade de Monsenhor
com o título de Camareiro Secreto, que lhe foi outorgado por S.S. o Papa Pio
XII, em reconhecimento e proclamação de seus méritos eclesiásticos. Resende está
genuflexa orando com seu Padre e Guia — e com ele ascende e dignifica aos olhos
de Deus. V. Revma. seu filho dileto, tem-lhe proporcionado a felicidade de obras
perenemente meritórias, entre as quais avulta, pela sua magnanimidade, a Igreja
que é a representação material do seu esforço, da sua abnegação. da sua
inteligência. Você, Padre Ludovico, é o bom lavrador, que de sol a sol trabalha
a terra do Senhor, abrindo sulcos de claridade redentora nos escuros campos e
hostis sentimentos. Padre Ludovico, seja conosco para sempre, porque na nossa
longa e dura jornada, pelos caminhos incertos da vida, necessitamos da sua
continuada ajuda espiritual.
Pela Resolução n. 453, de 27 de agosto de 1959, Monsenhor Ludovico foi agraciado
com a Cidadania de Honra, pela Câmara Municipal que lhe conferiu o «Diploma de
Cidadão Resendense», que pela 6» vez, outorga, no decorrer dos 158 anos da
fundação da Vila, que o Poder Judiciário Municipal, assim procede, consagrando
serviços prestados à terra resendense. O 1° agraciado com esse título, foi o
Deputado Dr. Francisco Chaves de Oliveira Botelho, na dupla representação de
médico e de homem público; o 2°, pela Lei n« 50 de 13-IX-1948 que recebeu esse
honorifico título, foi o Coronel José Alfredo Sodré, jornalista combatente nos
periódicos locais, em benefício da coletividade; 3° pela Lei n? 189, de 27-VII-1951,
foi o Presidente Dr. Getúlio Vargas, pelos serviços de integrar no solo
resendense, o Parque Nacional do Itatiaya, o Hospital do Exército, e tornando
realidade, o sonho apaixonado do intemerato soldado, o patriota General José
Pessoa, na instalação da grandiosa Academia Militar das Agulhas Negras, (AMAN);
com a mesma Lei n°189, o 4° agraciado foi Dr. Ernani do Amaral Peixoto, por
serviços em seu setor administrativo, na qualidade de Governador do Estado do
Rio de Janeiro; o 5° cidadão agraciado com a cidadania resendense foi Dr. Otávio
de Oliveira Botelho, pela Lei n° 369, de 19-X-1956; o 7° cidadão, Itamar Bopp
pela mesma Resolução n. 453, de 27 de agosto de 1959; o 8° agraciado pela
Resolução n° 510, de 21-IV-1961, Marechal Eurico Gaspar Dutra, ex-Presidente da
República; o 9° cidadão, Dr. Sebastião Araripe Reis, pela Resolução n° 530, o
10° pela Resolução n° 531, Francisco Tavares de Resende e a 11° personalidade
agraciada foi Dona Zenaide Drumont Tostes Villela Leandro, pela Resolução n°
532, estas três datadas de 27 de agosto de 1961, tendo em vista relevantes
serviços prestado à comunidade.
O Grêmio Recreativo Unidos do Monte Castelo — Rádio Agulhas Negras e o Club de
Melodias elegeram em 25-X-1969, Monsenhor Ludovico Stanuch, como o MELHOR DO
ANO, conferindo-lhe o «Diploma de Melhor Resendense» e um Troféu de «HONRA AO
MÉRITO».
S.S. o
Papa Paulo VI agraciou Monsenhor Ludovico Stanuch com a «MEDALHA COMEMORATIVA»
das Bodas de Prata em 19-XII-1968.
O Ministério do Estado do Exército, conferiu ao Monsenhor Ludovico Stanuch, a
«MEDALHA DO PACIFICADOR», pelos serviços prestados ao Exército Brasileiro,
recebendo-a das mãos do General José Fragomeni, Comandante da Academia Militar
das Agulhas Negras, em 29 de setembro de 1971, em solenidade especial.
PADRE
JOAQUIM PEREIRA DE ESCOBAR
PADRE JOAQUIM PEREIRA DE ESCOBAR, nasceu na Freguesia de Santo António da
Patrulha, RS., compatriotado neste Bispado, como consta no Processo de
habilitação em São Paulo, aos 06-XI-1806. Filho de José Pereira da Silva
Maciel, bat. em Parati, a 25-VII-1749, negociante de Fazenda Seca, em S.
Ant. da Patrulha e de s/m. Felizarda Antonia de Escobar, bat. aos 06-IX-1755,
na cidade de Itú (Livro I), neto pat. de José Pereira Terra, n. Freg. de N. S.
da Luz, da Ilha do Faia!, lavrador em Parati, c.c. Margarida Maria de Jesus, da
mesma Ilha do Faial, neto mat. de Baltazar Gomes de Escobar, n. Parnaíba de SP.,
lavrador em Itú e depois estancieiro em S. A. da Patrulha, casado com Joana de
Godoy Escobar, n. de Itú, bis. n. pat. de Balthazar Pereira, n. Freg. N. S. da
Luz e s/m. Francisca de Barros, n. Freg. S. S. do Socorro, e mat. de Matheus
Gomes e de Ignês Rodrigues, da mesma N S. do Socorro e pela mat. de João Gomes
de Escobar e de Joana de Godoy Bicudo, e de Xisto Quadro Bicudo e s/m. Francisca
Godoy.
Apresentou patrimônio superior a 500$000 de casas avaliadas com rentabilidade de
25$000 mensais, construídas de paredes de taipa de pilão, cobertas de telhas e
com seu quintal competente, na Vila de N. S. das Candelárias de Itu, Notas de
21-IV-1807. Em 1968 escrevemos «RESENDE- Casamento 547 — subsídio família GOMES
JARDIM», com referências à personalidade do Padre Escobar, sem contudo,
identificar .seus ancestrais, em que o próprio bisneto, Cel. Nilo Gomes Jardim,
de saudosa memória, com seus oitenta e tantos anos, bem vividos, não confirmava,
exatamente a gênesis desse parente.
Com a linhagem acima descrita, do ilustre conterrâneo, que tantos e tão
assinalados serviços prestou à comunidade resendense, nota-se que era irmão de
Ignacia Antonia de Escobar c.c. o Tenente Domingos Gomes Jardim, e tio avô do
resendense nato, Major David Gomes Jardim, representante de sua estirpe,
incorporado aos Dragões da Independência, os guapos infantes que escoltavam o
príncipe D. Pedro, quando do seu retorno a São Paulo, nas alturas do ribeiro
histórico do Ipiranga, foi proclamada a «Independência do Brasil» e este tio avô
do nosso muito querido médico e fazendeiro Dr. Nilo Gomes Jardim Júnior.
O Padre Escobar foi eleito Presidente da Câmara Municipal da Vila de Rezende em
1828, e no programa de melhorias constava o aformoseamento e civilização dos
povos da Vila. Foi Juiz Municipal, Deputado Estadual para Legislação 1835/1838,
renunciando todo o montante do seu subsídio destinando-o às obras públicas de
Resende.
É de nosso interesse e vamos repetir que o Padre Escobar, foi quem conseguiu a
Regulamentação Geral dos Correios de 5 de março de 1829, como se nota em seus
ofícios de 21--II-1829, dirigido ao Ministro José Clemente Pereira, e com a
instalação da 1» Agência de Correios, em 1829, sob a Administração do cidadão
António da Rocha Miranda e Silva, (pai do Barão de Bananal) que aceitou o cargo,
também sem remuneração. Foi uma figura benquista, conquistando popularidade,
prestígio e influência no cenário político e social da Vila de Resende.
PADRE
IGNÁCIO FERREIRA FRANCO
PADRE IGNÁCIO FERREIRA FRANCO, nasceu na vila de Moji das Cruzes, filho
l. de Custódio Ferreira da Silva Ayrão, n. Freg. de Sta. Maria de Ayrão,
Termo de Guimarães, Arcebispado de Braga, de s/m. Escolástica Maria Franco de
Camargo, n. Moji das Cruzes, n. pat. de Manoel Ferreira, lavrador, e s/m.
Quitéria da Silva, da dita Freg. de Ayrão, neto mat. de António Bueno Freire, n.
Vila de Jacareí e de s/m. Maria Joaquina Franco, n. Conceição de Guarulhos,
Maria Joaquina Franco foi batizada a 09-1-1756, f. leg. do Capitão Miguel Franco
do Prado e de s/m. Eleonor de Camargo, neta pat. de Lourenço Franco do Prado, n.
da Vila de S. João de Atibaia, e de s/m. Maria Bueno, casou-se na Matriz de
Guarulhos, com António Bueno Freire, aos 08-VIII-1771, filho leg. de José
Francisco de Figueiredo, n. Guarulhos e s/m. Escolástica Bueno da Silveira, n.
Cid. de São Paulo, neto pat. de Lourenço Corrêa de Moraes e de s/m. Maria
Francisca de Godoys e neto mat. de Balthazar da Veiga Bueno e s/m. Ana Maria da
Silva, n. S. P. Na Carta de Segredo para Moji das Cruzes, foram juramentadas 10
testemunhas fidedignas: Cap. António Joaquim de Almeida Ramos; Ajudante
Veríssimo Affonso Ferreira; Ajudante Joaquim António da Cunha; Domingos Dias
Leme; Joaquim José de Farias Paiva e outros. Em Guarulhos o Sargento Mor
Francisco Leandro Leme de Moraes; Guarda-Mor António Bueno da Silva; Bento
Francisco Xavier Bueno; Capitão Felix Joaquim de Almeida e o Alferes Manoel
Cardoso Bueno.
Apresentou Patrimônio constante de um sítio de Terras no Bairro de Moji, pela
Escritura Pública de 08-X-1830, do Escrivão de Notas António Suliono Leite.
O Edital da Carta foi afixado aos 03-X-1830, no lugar de costume e com a missa
Conventual na Matriz de Moji das Cruzes, em que o habilitando IGNÁCIO FERREIRA
FRANCO, acha-se examinado e aprovado para as Ordens de Diácono e Presbítero
Secular.
O Padre Ignácio Ferreira Franco foi o Sexto Vigário da Paróquia de Resende,
atuando desde 1831, inicialmente em São Bom Jesus do Ribeirão de SantAnna,
batisando António, f. leg. de Francisco Corrêa Leme e s/m. Mariana de Farias
Leme, e em 08-IX-1833, batisando Maria, f. leg. de Saturnino Franco Ferraz e
s/m. Eduarda Maria do Espírito Santo, neta mat. de Manoel da Cunha Machado e Ana
Gertrudes de Mello e neta pat. de Salvador Leite Ferraz, n. Moji, da Guarda de
Honra de D. Pedro I e de s/m. Joana Nepomucena Franco. Os serviços inúmeros
desse sacerdote até o ano de 1853, nas cinco freguezias criadas na Paróquia,
eram constantes e valiosos.
PADRE
JOÃO HIGINO DE CAMARGO LESSA
PADRE
JOÃO HIGINO DE CAMARGO LESSA, batisado aos 11-1-1818, na Matriz de ,N. S. da
Conceição de Santa Efigênia, f. leg. de Manoel Gonçalves de Souza,
batisado pelo padre Francisco de Godoy Coelho, aos 16-VIII-1787, Livro I, fls.
134 e de s/m. Francisca Bonifácia do Espírito Santo, ambos bat. na
Catedral da Sé, da Cidade de São Paulo. Aos 20-111-1811, na Matriz de Santa
Efigênia, perante o Dr. Juiz de Casamentos Padre Manoel Joaquim Gonçalves de
Andrade, recebera-se em matrimônio Manoel Gonçalves de Souza, f. leg. de
Salvador Gonçalves de Souza, natural de Santos, e de s/m. Catarina Maria das
Neves, n. Itanhaém, com Francisca Bonifácia do Espírito Santo, f. leg. de Heitor
de (ilegível) e de s/m. Izabel Pires de Camargo, e foram test.: o vigário Colado
António Paes de Camargo, Salvador Mariano Prado e o Porta Bandeira Joaquim
Manoel Borges. Catarina Maria das Neves, batisada aos 14-X-1753, filha leg. de
Demétrio Adorno e de s/m. Maria Ferreira, e foram padr.: Alferes José Pedroso
das Neves e Tereza, filha de Frederico Lopes, todos naturais de Itanhaém.
O Padre Higino Lessa foi o oficiante do batismo em 24-1-1864, do Dr. ALIPIO
CARLOS BORBA, engenheiro eletricista, um dos fundadores da poderosa «São Paulo
Light S/A.» e da primeira linha de bondes da Capital paulista e foi marido de
Da. ALAYDE PINHEIRO BORBA, distinta dama da alta sociedade paulistana, querida e
estimada por quantos a conheçam, e reside na Capital. (Leia Casamento 320, do
autor, publicado em 1971, contendo o «Clichê» do batisado). O Padre Lessa
percorria os distritos, tendo permanecido em S. Vicente Férrer, por longos anos,
onde recebeu em matrimônio centenas de casais, entre eles José Martins de
Arantes, c.c. Francisco Barretto Ramos, filha de Alferes João Pereira Ramos e
Francisca Luiza de Salles Barretto; António Teixeira Pinto de Carvalho, c.c.
Maria Tereza, filha leg. de Bento Teixeira Pinto e s/m. Maria Rosa Sampaio;
José, f. leg. de Luiz António Salgado Guimarães, c.c. Francisca Maria, f. leg.
de António de Pádua Salgado e s/m. Adriana Luiza Salgado; Braz Corrêa do Prado,
c.c. Mathildes Teodora, f. leg. de António Teodoro do Nascimento e de Ana Maria
Teodora; António Ignácio Barcellos, c.c. Hiria Maria da Conceição, f. leg. de
João Evangelista de Souza e de s/m. Ana Rosa da Conceição; Izidoro Santiago de
Mesquita, f. leg. de Felipe Santiago de Mesquita e s/m. Silvana Francisca do
Esp. Santo, c.c. Maria Magdalena, f. leg. de Joaquim José de Carvalho e de s/m.
Josefa Maria de Mendonça, e José Ferreira da Silva Reis, f. leg. de Salvador
Leme da Silva Reis e de Clara Maria da Silva, c.c. Ana Maria da Conceição, f.
leg. de José António Gonçalves e de Sebastiana Maria da Conceição.
PADRE MANOEL SERAFIM DOS ANJO
PADRE MANOEL SERAFIM DOS ANJOS,
n. Vila de Sorocaba, f. leg .do Guarda-Mor, Ignácio José Ferreira Coutinho,
n. na freg. de Sto. André de Marecos, Bispado de Penafiel e de s/m. Maria
Magdalena de Jesus, n. da Freg. de Vila de S. Francisco das Chagas de
Taubaté, neto pat. de Thomaz Ferreira e de s/m. Clara Nogueira, n. de Santo
André, de Marecos, Batismo: livro 1, fls. 82 — Matriz de Sorocaba: Em
30-0V-1765, batisou e pos os Santos Óleos o Revmo. Vigário Rafael Tobias de
Aguiar a MANOEL, inocente filho de Ignácio José Ferreira Coutinho e de s/m.
Maria Magdalena de Jesus, e padr.: José de Almeida Leite e Maria de Almeida
Leite, viúva, todos desta freguesia, e para constar fiz este assento que assino
a) Coadjutor Manoel de Campos Bicudo.
Requerimento de próprio punho de Ignácio Ferreira Franco para se ordenar
padre
Requerimento de próprio punho de Manoel Serafim dos Anjos, para se ordenar
padre
Casamento: Livro 3, fls. 38, Igreja Paroquial de S. Fco. das Chagas de Taubaté:
Ignácio José Ferreira Coutinho, f. leg. de Thomaz Ferreira e de Clara Nogueira.
Aos 07-1-1764, na Igreja Matriz de Taubaté, c.c. Maria Magdalena de Jesus, as)
vig. Pedro da Fonseca Carvalho e test.: Cap. Mor Bento Lopes da Silva e Capitão
António Coutinho Cordeiro, e neto materno de Lourenço da Cunha Prado, n. de
Taubaté, f. leg. de Matheus Vieira da Cunha e de s/m. Izabel Bicudo, casou-se
com Leocádia de Toledo, n. desta Taubaté, f. leg. de Manoel Pedroso de Tolledo e
de s/m. Maria da Conceição. Assistiram essa cerimônia Amaro de Tolledo Cortez,
casado, Timóteo Corrêa de Tolledo e outras pessoas mais que se achavam
presentes, moradores desta freguesia, as) Vigário João Bessa dos Passos.
Batismo: Aos 15-VII-1725, pos os Santos Óleos a LEOCÁDIA, inocente filha, leg.
do matrimônio de Manoel Pedroso de Tolledo e de Maria da Conceição, e padr.:
Thomé Nunes e Francisca Moreira de Castilhos. as) Vig.» António de Lima
Fagundes. O assento de Batismo de Lourenço da Cunha Prado e de Maria Magdalena
de Jesus, não foram achados, as) Vig. Francisco Luiz Brazeiro. Taubaté
01-1-1790.
O requerimento de MANOEL SERAFIM DOS ANJOS, pedindo para melhor servir a Deus e
à Igreja e do seu desejo de ser ordenado nas ordens menores sacras, data de 26-IV-1787.
E a Carta assinada em 07-IV 1796, pelo Doutor Paulo de Souza Rocha, Procurador
Apostólico e Comissário do Santo Ofício e da Bulia da Santa Cruzada, Arcebispado
da Sé, Catedral da Cidade de São Paulo, Governador de todo o Bispado: e pelo
Vigário Geral e Juiz das Justificações de Gênese D. Matheus de Abreu Ferreira,
por Mercê de Deus e da Santa Sé Católica e Bispo da Diocese de S. Majestade
Fidelíssima, etc. etc.
A rememoração do nome do PADRE MANOEL SERAFIM DOS ANJOS, cuja lembrança se
eterniza em inequívocas demonstrações do seu valor, na homenagem que a CM.
prestou somente em 1873, dando seu nome a uma via pública tradicional, onde ele
residiu assim que chegou à Vila. A rua PADRE MANOEL DOS ANJOS foi a célula mater
da cidade, foi a primeira ruela rasgada quando a Caravana de CEL. SIMÃO DA CUNHA
GAGO, transpôs o rio Paraíba, deslocando-se da margem esquerda, onde havia
acampado, para localizar-se na barranca oposta e abrigando-se dos ataques dos
índios purís. Monsenhor Pizzaro de Araújo, em «Memórias Históricas», diz «que só
em 1746, aconselhado pelo Padre Felippe Teixeira Finto, o abarrancamento
transferiu seu alojamento para um recanto» da atual Praça Dr. Oliveira Botelho,
onde se encontra a atual Igreja Matriz de Resende.
Em 1830 essa via chamava-se «Rua da Cachoeira» pelo fato de defrontar com uma
cachoeira no leito do rio Paraíba. Em 1854, passou a chamar-se «Rua do Quartel»,
por ter na sua esquina com a rua do Rosário, o Quartel da Guarnição Policial da
Cidade. Foi o período áureo da ruazinha, e a Cidade teve o esplendor da glória,
do prestígio e da riqueza, com a produção de café, que sustentava o aumento dos
fundos dos Cofres Públicos e a economia brasileira. Diariamente a rua ficava
congestionada pelas carretas, puxadas por juntas de bois, com carroças e
cavaleiros e, ainda, por tropas de mulas arreadas com cangalhas e bruacas, que
transportavam produtos do interior do Município e das Comarcas vizinhas,
principalmente o café, para os grandes armazéns de SÁ MACEDO & VELLOZO, (bizavós
de minha mulher Sylvia Bopp), Casa Comissária que enviava anualmente ao mercado
da Corte, mais de 500 mil arrobas da rubiácea, rio abaixo e rio acima, em
pequenos barcos a vela, a remo e em pesados batelões. Após a guerra do Paraguai,
as resendenses voltaram a ostentar vestidos de seda pura, importados da França,
chapéus de veludo, com plumas etc. e os homens, as cartolas cinzas, altas, o
chapéu de coco, e o do «Chile» eram os mais comuns; os chapéus italianos,
tirolinos, eram vistos na alta roda e, em virtude desse «chique» do povo, os
viajantes ilustres que chegavam à cidade, sentiam o contraste, que não condizia
com a cultura e com a riqueza, assim como o luxo com o que se vestiam os
habitantes da cidade, que conservava em suas artérias nomes exóticos, como o de
LAVA-PÉS, hoje à «Rua Dr. Eduardo Cotrim».
Era uma rua febricitante, desde a entrada da Cruz das Almas, de onde vinham os
produtos da terra para abastecer a Cidade. Ali, devia ser um enorme alagadiço,
com atoleiros que subiam aos joelhos. Os tropeiros transpunham todas as
barreiras, como bons mineiros, que nada se antepõe à sua jornada. Esses
tropeiros traziam guardados em Canastras de couros, os seus trajes de algodão,
para entrar no povoado bem apresentados. Acontece que no inicio da subida da
ladeira, para a Praça da Matriz, havia um córrego que atravessava todo o caminho
(ainda existe o mesmo córrego, no mesmo local, que atravessa a Rua Dr. Eduardo
Cotrim) e aí, todos os tropeiros faziam alto, para lavarem os pés enlameados, e
depois de bem limpos, chegavam ao Rancho do Pouso. Foi assim, e por isso que
toda aquela parte do Sul da Cidade, tomou o nome de LAVAPÉS, e a rua principal
com o mesmo nome, alusivo ao gesto dos tropeiros do passado, pioneiros em
auxiliar a criar e a enriquecer povoados, vilas e cidades brasileiras.
O Padre Manoel dos Anjos devia. ser muito querido das famílias importantes da
época, pela preferência que lhe davam para os ofícios religiosos, como nas
cerimônias dos casamentos do Comendador Bento de Azevedo Maia, do Comendador
Diogo Barbosa Lima, dos irmãos Capitão Fortunato e José Pereira Leite com as
irmãs Tereza e Anacleta, filhas do Alferes João Ferreira Guimarães, e inúmeras
vezes, paraninfando na pia batismal, como a MARIA filha de Francisco Nunes de
Paula, e tantos e tantos outros serviços alusivos ao seu ministério.
PADRE JOSÉ MARQUES DA MOTTA
PADRE JOSÉ MARQUES DA MOTTA,
nasceu aos 27-111 e foi batisado aos ll-IV-1795 pelo vig° Manoel Gomes de Souza
,na Matriz de Santo António da Villa de São José, Comarca do Rio das Mortes,
Bispado de Mariana, e foram padrinhos: Alferes José Vicente de Almeida e Ana
Marques Sombreira, irmã do batisando (Livro 5.o dos batisandos da Igreja de S.
José), filho leg. do Furriel António Marques Pinto, natural da freg. de
Sam Mamede do Valongo, bisp. de Penafield, Portugal e de s/m. Ana Thomazia da
Mota, n. da Vila de São José, net. pat. de António Francisco Sombreiro,
filho de António Martins Sombreiro, que se casou em 06-IV-1712 com Maria Marques
(Livro 6° fls. 72, S. Mamede) e de sua mulher Tereza Marques, com quem se casou
em 05-IX-1740, em S. Mamede, net. mat. do Alferes Caetano Martins da Fonseca,
filho leg. de António Martins Machado e de Izabel da Fonseca Pinto e de £/m.
Sancha Maria da Motta, filha de Francisco Duarte da Motta e de s/m. Maria de Góy
(ou Góes) da Motta, todos naturais de St. Ant. de Guaratinguetá.
O Processo de gêneses consta de 180 páginas manuscritas do habilitando* José
Marques da Motta, para receber as ordens menores e sacras: Apresentou Escritura
Pública de Doação datada de 05-IX-1816 do Tabelião José da Costa e Silva, da
Vila de Guaratinguetá de casas de moradas edificadas na Vila no Canto do Parque
da Matriz, de propriedade de seu irmão Alferes Bento José Marques e de s/m.
Teodora Molina de Jesus.
A Carta passada em junho de 1817.
O Padre Marques era de espírito arrebatado e iluminava-lhe a alma a centelha da
revolução. Servia à Igreja com devotado carinho. Pedia a Deus iluminar as almas
dos homens no desejo de se ajudarem uns aos outros. Servia a Pátria, antes de
tudo, com religioso devotamento. Tudo pela Pátria, era o seu lema. De adiantadas
idéias de sadio liberalismo, como todo intelectual, envolvera-se no movimento
político que começava a convulsionar o país inteiro, e por isso tornou-se
incompatível com os seus superiores hierárquicos da Diocese de Mariana. Para
evitar prejuízos ao catolicismo, resolveu mudar-se de sua terra e do seu clima.
Ouvira falar na salubridade e na uberdade do solo resendense, que atraía muitos
agricultores seus conterrâneos. E assim
Requerimento de próprio punho de Jose Marques da Motta, para se ordenar
padre.
chegou a
Resende em fins do ano 1826, com firme propósito de ser somente padre, evitando
preocupações outras estranhas ao seu sagrado ministério. Apesar de haver outros
três párocos, além do Vigário da Vara Eclesiástica de Resende, o Padre Marques
localizou-se na Vila, a cuja história se vinculou, tornando-se figura
conceituada em todos os meios sociais e culturais. Conquistou ascendência e
grande prestígio em todo Município, dominando uma das facções políticas de
oposição à corrente dominante. Elegeu-se Vereador para o quadriênio 1829/1832 e
tomou posse na ses. da Câmara a 07-VII-1829. «Em seguida propôs que a Câmara
representasse ao corpo legislativo sobre a necessidade de se criar uma nova
Província, tendo Resende por Capital, e por distritos os municípios limítrofes
deste, e alguns outros das províncias de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de
Janeiro; e que nesse sentido se oficiasse consultando as Câmaras de Arêas, São
João do Príncipe, Silveira, Bananal, Valença, Lorena, Cruzeiro, Cunha, Baependy,
Ayruoca, Ilha Grande e Paraty, inspirado no interesse comum desses municípios,
que, como o de Resende, sofria vexames, ao caminhar grandes distâncias, a pé,
com a mochila às costas, ou a cavalo, usando as armas por defesa, em caminhos
maus, para irem às Capitais respectivas em demanda de recursos atinentes às suas
necessidades de melhoramentos». As câmaras dissidentes consultaram mais as
rivalidades que quase sempre existem entre povoações vizinhas do que o bem-estar
e o cômodo de seus munícipes ! . . . (Dr. João Maia e REZENDE os Cem Anos da
Cidade, vol. I)».
O projeto em que o Padre Marques interpretou e objetivou o seu ideal, teve
sentimento patriótico e cívico, divisando e coordenando a necessidade
imprescindível de melhoria para a população. Por coincidência o «ESTADO DE SÃO
PAULO», de 25-11-1973, publica um trabalho em que o sociólogo Severino Marques
Monteiro explica as modificações feitas nas áreas dos Estados, como necessárias
para colocar essas regiões sob a influência de centros que, melhor poderão lhes
promover o desenvolvimento. Aquele projeto do padre Marques, estaria ainda
valendo hoje, beneficiando as Câmaras e os habitantes e dando aos Municípios um
equilíbrio político.
Inteligência de escol e de lúcida visão, o Padre Marques compreendeu que somente
sua palavra de extremado agitador não era suficiente para alastrar a propaganda
em todos os recantos e infiltrar-se em outras terras. Em janeiro de 1831 fundou
e editou o primeiro jornal de Resende «O GÊNIO BRASILEIRO» (talvez o primeiro
jornal de toda Província), imprimindo-o totalmente às suas custas, trazendo do
Rio de Janeiro o material necessário, inclusive um tipógrafo, com quem aprendeu
a nobre arte. A tipografia foi instalada na Casa Paroquial, sob a razão de MOTTA
& Cia., sendo o Padre o próprio administrador. No movimento do povo resendense,
sobre o sete de abril de 1831, o Padre Marques distinguia-se sobre todos, pelo
ardor de suas convicções democráticas, por seu espírito culto e pelo prestígio
de redator do seu Jornal, que muito contribuiu para esse pronunciamento,
incitando os ânimos a tomarem a defesa das liberdades constitucionais ameaçadas.
E foi perfeita a organização do Padre em aglutinar forças para cooperar com o
movimento nacionalista orientado na Corte por Evaristo da Veiga, que culminou no
episódio da Abdicação. (Jornal raríssimo «O GÊNIO BRASILEIRO», do qual temos
Xerox de dois números, por gentileza do nosso saudoso historiógrafo Dr. Hélio
Vianna).
O Padre Marques, o grande espírito liberal, iluminou o cenário da Cidade levando
para ali o primeiro Piano para se deleitar com os acordes do mágico instrumento.
O Padre Marques fez parte de quase todas as comissões administrativas das obras
públicas de vulto, destacando-se a Capela dos Passos, da Cadeia, da nova Ponte,
e a sugestão de uma Santa Casa de Misericórdia, da qual foi o 1» Provedor em
1835, e de tantos outros valiosos empreendimentos prestados à cultura e ao
progresso da Vila.
RESENDE completa 125 anos de elevação à Cidade, conforme o Decreto 438 assinado
pelo Visconde de Barbacena, Comendador da Ordem de Cristo e Presidente da
Província do Rio de Janeiro:
Artigo único:
«FICA ELEVADA A CATEGORIA DE CIDADE A VILA DE RESENDE»
A
elevação à Cidade, deveu-se a três figuras destacadas, Comendador Fabiano
Pereira Barretto, Padre José Marques da Motta e o Vigário Joaquim Pereira de
Escobar, que agiam desde 1841 no sentido de elevar à categoria de Cidade, o
extremo Município Sul-fluminense, na fronteira paulista, para assegurar à vila
emergente, o direito aos foros de cidadania, sem lograr êxito, O Padre Marques
retornou à Câmara Municipal de 1845/848 e jurou vencer a campanha a que se
devotara com ardor cívico e pelo amor à terra que o acolhera. Usou todos os
meios da imprensa, na tribuna da Câmara, na tribuna popular, na tribuna sacra e
até no púlpito da Igreja Matriz, e nos altares das Capelas do interior e nas
ruas, a — CIDADE — era o «slogan». Era uma obsessão a idéia fixa do infatigado
mineiro. Escrevia e endereçava mensagens às figuras oficiais, ao Imperador, ao
Presidente da Província. Não esmorecia e nem estancava na caminhada de seu
plano. Afinal venceu o incansável sacerdote, quando a Assembléia Legislativa
aprovou a 6 de julho a Resolução conferindo à Vila as prerrogativas de Cidade,
sancionada a 12 e só a 25 de julho foi expedida, a notícia oficial que a 29
chegou às mãos do Presidente da Câmara, Dr. Pedro Ramos da Silva.
Por indicação do Vereador Dr. João Carneiro de Azevedo Maia, ficou o dia 27 de
agosto para a solenidade, «que será saudado, ao amanhecer, com 21 tiros de
peças, depois do que a música tocará alvorada, percorrendo as ruas, largando-se
girândolas e foguetes; ao meio dia a Câmara se reunirá em seus Passos,
convidando as Autoridades Civis, Eclesiásticas e Militares e mais Cidadãos para
assistir ao ato, seguindo-se para a Igreja Matriz onde se cantará um Te-Deum
solene, e se entoará vivas à família Imperial, aos Poderes Superiores do Estado
e a todos os habitantes do País, e a Cidade se iluminará por três dias a se
contar do dia 27; e às 8 horas se reunirão nos Paços da Câmara, os Cidadãos com
suas famílias para assistir ao baile que lhes será oferecido» ...
Tinha razão o Padre Marques ao insistir em elevar à vila com foros de Cidade, a
uma localidade no Sul da Serra da Mantiqueira, compreendendo o Itatiaia, um
pormenor da paisagem sul-fluminense, ponto mais alto, onde o maciço da
cordilheira central volta para divisar os Estados de Minas Gerais, São Paulo e
do Rio de Janeiro. Ele previa um futuro fabuloso para uma cidade que tem tudo o
que o homem deseja de bom; a fertilidade das terras, a suavidade do clima,
considerado excepcional, a vasta rede hidráulica proveniente da difusão de
vários rios, num ruído forte de cataratas que jorram águas límpidas, em piscinas
naturais, num perímetro de quase dois mil quilômetros. A fisionomia topográfica,
com sua configuração de uma beleza sem fim, com uma extensa planura a um elevado
pináculo, atingindo uma das maiores altitudes no sistema orográfico brasileiro,
com f atores naturais e com atrações próximas umas de outras. Há estradas
asfaltadas rodopiando em paisagens verdes, símbolo da renovação, ornadas com
flores multicoloridas e espécimes raros de Orquídeas, dentro da natureza, com
caminhos pitorescos em meio a uma floresta virgem em quase toda a região,
povoada de uma variedade enorme de lindos pássaros, e com um conjunto de animais
próprios da serra, para um Turismo romântico com comodidades práticas e com
encantadoras hospedagens, para todos os gostos e requintes.
No Livro de óbitos Livres, a fls. 63, da Câmara Municipal, consta o seguinte:
«Aos 4 dias de maio de 1846, sepultou-se nas Catacumbas desta Paróquia, vestido
cléricamente o REVERENDO PADRE JOSÉ MARQUES DA MOTTA, natural da Província de
Minas Gerais, Vigário da Vara, de idade de 53 anos, falecido dia antecedente,
com Testamento. Foi consagrado, ungido e recebeu a Sagrada Eucaristia.
Recomendei sua alma, tendo seu corpo sido acompanhado solenemente de sua Casa
para a Igreja e desta para a Capela dos Passos, e daí para o lugar em que for.
as) Vig. Manoel da Fonseca Mello».
Uma particularidade na sua folha testamentária — ... «o pálio roxo que está em
minha casa é do Senhor dos Passos, e o piano que também está lá, não é meu, é do
filho do Capitão Pompéia».
Dez anos
depois aberta no Cemitério dos Passos, o Coval em que repousava, houve
emocionante surpresa: — o cadáver estava mumificado. Com isso houve oportunidade
de ser fixado na tela o retrato que figura na Galeria dos Servidores da Santa
Casa" de Misericórdia.
O Padre Marques era figura máxima, dominante, que exaltou o espírito de
brasilidade do povo resendense, e no decorrer de uma existência fecunda de
empreendimentos e em realizações culturais e patrióticas, que o engrandeceram e
o glorificaram, deixando a marca da sua personalidade pelo devotamento ao bem da
coletividade, o Padre Marques morreu pobre, como é descrito e se deduz de seu
testamento.
PADRE JOÃO ANTUNES CORDEIRO
PADRE JOÃO ANTUNES CORDEIRO,
nascido na Vila de Taubaté, f. l. de João Garcia Cordeiro e s/m.
Martha Barbosa de Santa Cruz. neto. mat. de Salvador do Prado Barbosa e s/m.
Estácia Antunes e pela paterna de Domingos Cordeiro Gil, todos n. de Taubaté e
s/m. Antonia Coutinha de Peralta, n. N. S. da Conceição de Guarulhos. Mostra-se
ser o Habilitando, ter Pais, avós paternos e maternos legítimos Cristãos velhos,
sem raça de Judeus ou de outras etc. leia o Clichê n. pat. de Bento Gil de
Siqueira e s/m. Maria da Luz. bis-n-pat. de Domingos Luiz Cabral e s/m. Catarina
do Prado, esta filha Cap. António Correia da Veiga e s/m. Martha de Miranda
Portes, todos de Taubaté.
Salvador do Prado Barbosa foi batisado aos 18-V-1689 f. l. de Luiz
Cabral e s/m. Violante de Siqueira. Estácia Antunes casou-se aos 02-IX-1737 com
Salvador Prado Barbosa e era filha de Capitão António Corrêa da Veiga e s/m.
Martha de Miranda Portes.
A Carta de Publicandis — Impressa — foi passada ao Coadjutor João Antunes
Cordeiro aos 25-dezembro de 1766, tendo iniciado o Processo em 25-X-1764.
O Padre Antunes foi um dos primeiros Coadjutores da Paróquia e em 4-V-1788 na
Capela de SantAnna do Piraí que pertencia à Freguesia de Campo Alegre, foi
oficiante da cerimônia de casamento de João Barbosa de Brito, batisado na Vila
de Itu de SP. f. l. de João Lemes de Brito e s/m. Teresa de Jesus
Barbosa, com licença do Vigário da Vara Padre Henrique José de Carvalho, colado
da freg. de C. Alegre e na presença do Coadjutor de São João Marcos, Padre
Agostinho Luiz Pacheco Leite, com Ana Maria de Souza, bat. na Matriz de N. S. da
Candelária de Itu, f. l. de Gonçalo de Souza Rodrigues e de s/m.
Ângela Maria de Camargo Rodrigues. (Um dos últimos assentos, foi o do batisando
Teodora Joaquina dos Santos, em 24-111-1793 na pia batismal de S.A. do Piraí, f.
l. de João de Oliveira Évora e de Maria Antonia Rangel, que casou-se
na Matriz de Resende aos 9-XII-1813 p. vig. José António Martins de Sã, com
António José Gomes de Andrade, n. freg. Santa Leocádia da Luanda, Arcebispado de
Braga, f. l. de António José Gomes de Andrade e de Rosa Maria.
PADRE
MANOEL DA FONSECA MELLO
PADRE MANOEL DA FONSECA MELLO, batisado aos 03-IV-1803, na Matriz da Vila
de Mogi das Cruzes, f. l. de Manoel da Fonseca Mello, b. aos
03-11-1773 e de s/m. Maria Clara de Almeida, b. aos 28-XII-1772, viúva de
Fco. José Pinto Mourão. n. pat. de Salvador Affonseca Coelho, bat. aos
01-X-1740, f. l. de Manoel de Affonseca Coelho e de s/m. Maria
Gouvêa c. c. Josepha de Araújo de Mello, f.l de Manoel de Mello e de s/m. Maria
de Araújo, batisada a 04-IX-1746, bisp. Porto, net mat. Tenente Angelo Leite de
Siqueira, bat. a 14-VI-1738, f. l. de João Leite de Siqueira e s/m.
Agostinha Maxada, já ff, todos da Matriz de Mogi das Cruzes.
Neto mat. de António Coelho de Azevedo e s/m. Rosa Pedrosa e pela parte paterna
de Gervasio de Mello c.c. Izabel Fernandes n. da Freg. de Sta. Maria do
Rondofinho, Arceb. de Braga e pela parte materna de Thomé Pimenta de Andrade e
s/m. Josefa de Araújo Mello f. l. de Manoel de Mello e Maria de
Araújo.
Ângelo Leite de Siqueira casou a 08-V-1765 (Livro de casamentos fls. 44) n. Mogi
das Cruzes, f. l. de João Leite de Siqueira e s/m. Agostinha Maxada,
já ft, neto pat. de António de Siqueira Sayão e s/m. Úrsula da Cunha, c.c.
Felícia Maria de Almeida, n. Mogi, f. l. de António Maxado Cardoso,
n. Cid. de S. Paulo, e de s/m. Catarina Correia de Almeida, e pela paterna de
Francisco Maxado, n. de Itanhaem e s/m. Domingas Cardosa, n. São Paulo.
Patrimônio: Casas de Moradas no Bairro de Salto Grande, em Mogi das Cruzes, que
recebeu por inventário que se procedeu pela morte de seu pai Manoel da Fonseca
Mello. Recebeu a Carta aos 21-VI-1828 e foi nomeado Presbítero Secular deste
Bispado para exercer como Vigário Encomendado na Freg. de Cabo Verde.
Político, foi eleito vereador no quatriênio 1849/1852.
PADRE ANTÓNIO ANTUNES MACIEL, n. da Vila de Bom Jesus de Cuiabá, do Bispado do
Rio de Janeiro, compatriotado em SP., filho leg. de Francisco Leite de Arruda e
de Escolástica de Campos Rondon, ambos n. Cuiabá, neto pat. de João Antunes
Bicudo e de Maria Leite de Arruda, naturais da Vila de Itu, e neto mat. de
António João de Medeiros, n. desta Cidade de SP, e de Gertrudes de Campos, n. da
Vila de Sorocaba.
Gêneses: de Francisco João Botelho, n. aos 01-VII-1717 na Vila de Itu, e de s/m.
Rita Campos Maciel, n. da mesma Vila de Itu. Neto pat. de Luiz de Souza Botelho,
n. Portugal e de s/m. Maria Pereira da Cruz, n. de Itu, neto materno de José
Antunes Maciel, bat. a 12-IV-1964, f. l. de António Antunes Maciel e s/m. Maria
de Campos. Casou-se aos 25-IV-1712 na Matriz de Itu, com Maria Soares Ferreira,
bat. a 13-X-1698 em Itu, f. leg. de Capitão Paschoal Delgado e de s/m. Izabel
Cubas. Luiz de Souza Botelho, f. l. de João de Souza Botelho e de
s/m. Maria de Abreu, naturais de Arzella, do Bispado de Coimbra, c.c. Maria
Pereira da Cruz, filha de Luciano Pereira, já t e de s/m. Ana Maria de Abreu.
Oficiante Vig9.Manoel de Barros.
Carta passada e assinada aos 14-junho de 1783 pelos vigs. António Maxado da
Silva e Gaspar de Souza Leal.
Requerimento do habilitando João Antunes Cordeiro para se ordenar padre
PADRE
CÍCERO MACHADO SALLES
PADRE
CÍCERO MACHADO SALLES, nasceu na cidade de Rio Preto, Minas Gerais, aos
12-XI-1897, e foi batisado a 20-111-1898 pelo Cônego Francisco Fabiano de Assis
Peixoto. Filho legitimo do Dr. Juvenal Augusto Salles e Silva e de s/m.
Cantianila Machado de Salles e Silva, neto pat. do Dr. Horácio Cândido de
Salles e Silva e de Ana Vivina de Salles e Silva, e pela mat. do Comendador José
Ignácio Machado e de Virgínia Maria da Costa Machado. Crismado em Belo Horizonte
por D. Silvério Gomes Pimenta. Cursou o Colégio Santo Afonso, em Aparecida do
Norte, SP. Foi tonsurado na Capela do Seminário em 28-VI-1920 e recebeu as
Ordens menores em dezembro de 1921. Presbiterato em ll-XI-1923 e Terminário por
D. Helvécio Gomes de Oliveira, da Cúria Metropolitana de Mariana. Rezou sua
primeira missa no altar de Lourdes, na Capela do 'Seminário de Mariana, e no dia
seguinte à sua ordenação, 21-XT-1P23, celebrou a primeira MISSA NOVA em sua
cidade natal. O Padre Cícero celebrou a sua primeira missa em Resende, no dia
15-VIII-1924, fí foi o 14Ç Vigário que teve a Matriz desde sua fundação, tendo
vindo de Barra do Piraí, onde exercia as funções de Secretário e Administrador
Apostólico da Diocese da Barra Piral. Moço inteligente e afável, prestou à causa
religiosa os melhores serviços nos misteres sacerdotais, impondo confiança em
toda a sua jurisdição. Resolveu celebrar duas vezes ao mês, a missa conventual,
aos domingos, na Capela de Campos Elíseos, atendendo aspirações dos habitantes
do Distrito, logrando assim as simpatias dos católicos, pelo tratamento amável
que dispensava a todos. Administrou a Paróquia com muita atividade e todo
acerto, deixando traços brilhantes de sua personalidade. Por motivo de saúde,
foi forçado a deixar a cidade de Resende, regressando para Mariana.
CÔNEGO
ANTÓNIO AURÉLIO CORRÊA DE MAGALHÃES
CÔNEGO ANTÓNIO AURÉLIO CORRÊA DE MAGALHÃES, nasceu aos 02-XII-1881 na rua
d'Água Limpa da cidade de Ouro Preto e foi batisado na Capela Imperial de Santo,
António, no Palácio de Ouro Preto, aos 18-1-1882, pelo Cônego SantAnna, e foram
padrinhos o casal Major António Leão Lopes da Cruz e Dona Maria José. Filho leg.
de Capitão Augusto Corrêa de Magalhães e de s/m. Marcelina Pimenta de
Magalhães, neto pat. de José Corrêa de Magalhães e de Leopoldina Marcai
Corrêa de Magalhães e neto mat. de José Pimenta da Silva e de Maria Joana
Junqueira de Castro.
Fez seus cursos primários no Hospitium Hyeresolimitamum Externato — S. Thomaz de
Aquino, Escola Normal de Ouro Preto, e matriculou-se no Seminário aos 11-1-1899,
sendo Reitor o Padre Cornaglioto. Foi tonsurado na Capela do Seminário de
Mariana, aos 18-111-1904. Recebeu as ordens Menores e sacras em 30-111-1906, o
Subdiaconato e Diaconato em 1907, e finalmente, o Presbiterato aos 19-IV-1908 na
Matriz de Ouro Preto por D. Silvério Gomes Pimenta. Foi Vigário Coadjutor da
Cidade de Jequery, com residência em São Sebastião da Grota, de 1908 a 12-VII-1911.
Vigário em Melo do Desterro de 1911 a 22-11-1914. Vigário de Santa Rita da
Glória de 1914 a 09-VII-1918. Cura d'almas em Mathias Barbosa de 1918 a
26-XI-1920. Detentor de vários títulos honoríficos, eclesiásticos e civis, como
Benfeitor Salesiano e Cooperador. Benfeitor Guarda de Honra Canônico de Loreto;
Benfeitor da Arquidiocese de Mariana. Ex-Efetivo Capitular Metropolitano, e
outros.
Em razão
do seu predecessor, Vigário CÍCERO SALLES, por motivo de saúde ser forçado a
deixar a Cidade de Resende, foi nomeado o 15»
Vigário da Paróquia o CÓNEGO ANTÓNIO AURÉLIO DE MAGALHÃES, resignatário da
Catedral de Ma-nana. Resende é a primeira Paróquia fluminense confiada à sua
esclarecida e inteligente orientação espiritual, celebrando sua primeira missa
no dia 09 de novembro de 1923, na Matriz.
Homem de cultura pouco vulgar, devotado inteiramente ao seu sacerdócio, um
pastor de almas modelar, foi um perfeito analisador das condições sociais e
religiosas do meio resendense, e a Paróquia recebeu serviços indeléveis.
Escritor. Editou um livro sobre assuntos do foro eclesiástico, obra de grande
vulto, com matéria convincente, clara e explícita na sua argumentação. Advogou
no crime, em Mariana, onde mostrou profundos conhecimentos jurídicos na tribuna,
em defesa de seus constituintes.
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