Homenagem ao grande 

 Genealogista, Filatelista e Historiador

ITAMAR BOPP 

 

 

Prefácio do livro
CASAMENTOS NA MATRIZ DE RESENDE – De 300 a 500
 (Subsídios da família Carneiro de Azevedo Maia e
novas Notas genealógicas ao casamento 704
Revista Genealógica Latina – nº 8)

por Arnaldo D’Ávila Florence

APRESENTAÇÃO 

Duas foram as razões que me levaram à aceitar a honrosa incumbência a mim atribuída pelo Instituto Genealógico Brasileiro:

- a amizade que me prende a Itamar Bopp;

- a convicção que se enraigou em mim, desde a infância, por influência de meu pai, Amador Bueno Machado Florence, da necessidade do homem conhecer suas origens e transmiti-las , por tradição , aos seus descendentes .

Ser-me-ia facultado iniciar esta apresentação, congratulando-me com os prestimosos confrades Coronel Salvador Moya e Dr Augusto Benedicto Galvão Bueno Trigueirinho, Presidente de Honra (perpétuo) e Presidente , respectivamente, do Instituto Genealógico Brasileiro, pela edição, por parte daquele Sodalício, deste valioso trabalho de pesquisas de Itamar Bopp, no qual são levantadas várias famílias do Vale do Paraíba, algumas fluminenses, outras paulistas e também mineiras, que no fenômeno do “refluxo” retornaram às suas origens. Poderia fazê-lo , não somente pelo mérito, em si, do trabalho de Bopp, como pelo espírito público e a extraordinária dedicação à cultura e, em última análise , à genealogia de quem tem dado aqueles dois ilustres brasileiros.

Tendo , entretanto, minhas origens maternas no “Vale” , fato que é do domínio de quantos se dedicam aos estudos dessa natureza, procurarei evitar que este despretencioso trabalho de apresentação , que faço com o maior prazer e com muita honra, por designação do Instituto Genealógico Brasileiro, sofra a influência de outros sentimentos,embora nobres , como a amizade pessoal e o amor à própria genealogia. Assim, com este propósito, procurarei restringir-me ao mérito da obra e ao cuidado e honestidade do autor, em suas fatigantes pesquisas.

Itamar é um genealogista apaixonado: sei ter prontos quase todos os dados genealógicos de seus antepassados, principalmente de seu bisavô Leonardo Bopp, que chegou ao Brasil em 1814, estabelecendo-se em Estância –Velha, no Rio Grande do Sul, com moagem de trigo, em um sítio que se denominou ”Bopp-Loch”. Ali casando–se, constituiu numerosa família ,composta de onze filhos,todos com grandes gerações. Leonardo Bopp foi,portanto, um Patriarca que facilmente se adaptou ao meio, transmitindo aos seus descendentes,o amor à cultura e às tradições de sua raça saxônica,assim como os princípios rígidos da formação do gaúcho brasileiro.

Quem conhece Itamar e seus trabalhos, sente nele o espírito do pesquisador, com uma tendência particular e especial pelo passado e pelas famílias do Vale do Paraíba e, particularmente, por àquelas que povoaram a cidade de Resende.

Há poucos dias , ainda, vimo-lo nos Arquivos da Cúria Metropolitana de São Paulo, procurando a genere e as habilitações dos padres seculares que dirigiam a Paróquia de Resende e suas Filiais.

Itamar Bopp é, na genealogia, pioneiro nos estudos pertinentes a uma única Cidade.

Feliz , pois a terra que possue pesquisador de sua história e sua gente , essencialmente quando se trata de alguém como Bopp que se dedica , com segurança e honestidade e ... porque não dizê-lo ? comprazer, no desbravamento da ciência genealógica.

Seu primeiro trabalho , "Cem Anos da Cidade de Resende”, com a colaboração do Coronel José Alfredo Sodré tornou-se, de fato, parte importante da história da lendária cidade, pois registra todas as passagens da vida cotidiana, durante um século de sua existência, como cidade.

Outro trabalho, que julgamos importante nas ligações de troncos fluminenses e paulistas, foi a descoberta de Roque Bicudo Leme, (S.L. vol. VI , pág.329, 6-3) publicado na Revista Genealógica Latina, com “clichês” do assento original do 2º casamento com Florença Nogueira Leme, ocorrido na Matriz de Resende aos 23 de agosto de 1784, pais de oito filhos , todos proeminentes na vida política e social de São Paulo.

Obra , também, de grande repercussão na época , e agora esgotada , é a referente a família do Visconde do Salto, em “Primeiros Povoadores de Resende”, publicada na Revista Genealógica Latina em, 1960. Gente de elevado destaque, provinda das migrações bandeirantes, mineiras e portuguesas, entrelaçaram-se com os Ortiz de Camargo, os Barbosa Lima, os Cunha Gago, os Bicudo Leme e tantos outros, todos descendentes dos troncos Soares Louzada, Sargento Mor João José Carneiro, da nobreza luzitana, e dos Pereira Viana. Com a pertinácia de genealogista , que “mata a cobra e mostra o cajado”, Bopp mandou buscar no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a certidão de nascimento de Fernando Pereira Vianna, ocorrido a 21/04/1797, na frequezia de Anoza Azul,do Bispado de Braga, reproduzindo o respectivo clichê.

Também apreciamos o subsídio genealógico da família Gomes Jardim, tronco oriundo do Rio Grande do Sul, que se estabeleceu em Resende no ano de 1800. Ali se destacou a figura do Major David Gomes Jardim, vulto respeitável do Piquete da Cavalaria que participou do memorável “Grito do Ipiranga”, ao lado de D. Pedro I. Deixou grande descendência integrada na política, na ciência e na vida eclesiástica, como seus filhos Dr Gustavo Gomes Jardim, distinguido médico e político, que por relevante serviços, teve seu nome perpetuado em ruas e logradouros públicos de várias cidades; o Coronel Frederico Gomes Jardim, importante fazendeiro em Ribeirão Preto e Dom Serafim Gomes Jardim, Bispo de Arassuí, em Minas Gerais e Arcebispo de Ancara, na Ásia e muitos outros.

Outra figura marcante , foi o Coronel Nilo Gomes Jardim, desbravador de sertões paulistas, organizador de cerca de 20 fazendas, nas quais criava e internava bois, cultivava café, algodão, arroz e mamona, como na fazenda modelo “Barreiro” em Bariri, neste Estado, com mais de 350 mil pés de café, na qual, nas primeiras décadas deste século construiu cerca de 100 casas para colonos, com água e luz próprias, assistência médica, odontológica e farmacêutica. Foi o primeiro brasileiro a tirar gado do Pantanal do Mato Grosso, “ invernando” em Barretos.

Em Guaratinguetá formou a “Granja da Glória” onde onde se tornou pioneiro, como importador de gado holandês, fundando ali, a Sociedade Produtora de Laticínios e, em São Paulo, a União de Laticínios, implantando, assim, a comercialização do leite, ou melhor dizendo, a distribuição do produto ao consumidor. Foi fundador da Sociedade Rural Brasileira e da Associação Paulista de Criadores de Bovinos.

Folheando outros trabalhos, encontramos personalidades muito conhecidas, como a escultora Clélia Cotrim, casada com o ilustre confrade Empédocles Alves; o conferencista e fundador do Escotismo no Brasil, Dr Hilário Freire Filho, do Sargento Mór Manoel Freire de Campos, da Guarda de Honra de D. Pedro I; no registro da família Whately, de cujo tronco inglês provêm do Dr Thomaz Whately, célebre médico anglicano que se casou em Resende a 19/01/1826, deixando grande descendência, com o Dr Luiz Alberto Whately, estudioso dos problemas do petróleo boliviano e brasileiro, e construtor da E. F. Corumbá-Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia; o Dr Carlos Thomaz Whately, proprietário de uma das mais progressistas fazendas de café, em Ipaussú e tantos outros.

Em seu valioso trabalho “ Resende - Casamento 1000” do qual me origino, objeto de longo estudo, constante da obra “Notas Genealógica do Dr. Carlos da Silveira e outras Notas”, contém os mais importantes informes no gênero, deste século.

Além de genealogista, Itamar Bopp tem outros predicados que o elevam no conceito da sociedade: - é conhecido filatelista especializado em selos do Brasil Império; coleciona carimbos de Resende sobre selos do Império e do tipo francês de cidades imperiais, sendo ainda, detentor de uma coleção de selos de Costa Rica.

Foi Presidente da tradicional Sociedade Filatélica Paulista e da Federação das Associações Filatélicas do Estado de São Paulo. Por volta de 1953, estudou heráldica - a ciência das armas e brasões - com o conhecido historiador, o Professor Enzo da Silveira e outros, afirmando com propriedade e convicção que a “ filatelia, a geneologia e a heráldica, são instituições trigêmeas, que se entrelaçam à terra e à história”. É autor do “ Brazão de Armas de Resende”. Em 1959 a Câmara Municipal de Resende conferiu-lhe o título de “Cidadão Resendense” .

É membro veterano do Rotary Club de São Paulo, tendo sido eleito, por 14 anos consecutivos “Rotariano Honorário” do Rotary Club de Resende, conforme noticiaram, nas oportunidades, o colunista Tavares de Miranda, e órgãos da imprensa de várias localidades.

Chegamos, assim, ao final dos traços biográficos de Itamar Boop e de seus trabalhos já publicados. Passamos, agora, ao presente trabalho que o autor dividiu em três partes:

A primeira é a continuação dos assentos matrimoniais acontecidos na Matriz de Resende, entre os anos de 1808 a 1813, levando os números de 300 a 500. Inicia com o casamento de Máximo da Silva Velho, filho de bandeirante domiciliado em Cunha (antigo Facão) e de outras famílias vinculadas ao Vale do Paraíba, o mais antigo reduto genealógico de São Paulo, como Guaratinguetá, Taubaté, Pindamonhangaba, Lorena, Jacareí, Mogi das Cruzes, Areias, São José do Barreiro, Bananal, Pinheiros e Queluz.

A segunda é o casamento do Comendador Bento de Azevedo Maia, na Matriz no ano de 1808 com Antonia Soares Carneiro, uma das mais numerosas famílias brasileiras, ramificadas em vários Estados.

A terceira , a continuação , com novos elementos, do casamento de Simão da Rocha Correia com Izabel da Silva Prado, filha do Sargento Mór Diogo Araújo Ferraz, natural de Mogi das Cruzes. Introduziu outras notícias no primeiro trabalho,completando, praticamente, uma árvore genealógica de costado.

Ilustra, ainda, com vários clichês, de assento originais de casamentos, batizados, e de processos de habilitação de padres que atuaram em Resende.

Longo, embora, em seu conteúdo, este preâmbulo está realmente, muito aquém dos méritos e da personalidade de Itamar Bopp que, em última análise, dispensaria qualquer apresentação.

Arnaldo D’Ávila Florence - (Instituto Genealógico Brasileiro) São Paulo/ 1971

Fonte: Revista Genealógica Latina – nº 8

Textos copiados do livro  por Dr. José Eduardo Bruno de Oliveira

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