Por Cláudio Moreira Bento

         Faleceu em 21 de setembro de 1992  em São Paulo, onde foi sepultado, e prestes a completar 90 anos e ainda muito lúcido, o historiador Itamar Bopp, gaúcho, filho de Tupanciretrã (por aqui passou a mãe de Deus, em guarani)e, resendense de coração e adotivo por ato da Câmara Municipal.

        Em suas múltiplas peregrinações pelo Brasil adotou Resende, berço de sua esposa Silvia, como a sua verdadeira, terra após viver de 1930 a 33 movimentada passagem por Resende, no contexto da Revolução de 30

        Sobre a terra e gente resendense pesquisou, preservou e publicou obra histórica monumental, além de haver sido o autor do brasão oficial de Resende.    

        Colecionou precioso arquivo documental, sobre Resende com dados que lhe foram fornecidos pelo Coronel Alfredo Sodré, seu cunhado Macedo Miranda e seu concunhado Joaquim Maia, ao lado dos quais figurará, com muita justiça, como patrono de  cadeira da Academia Resendense de História que idealizamos junto com ele e Joaquim Maia e que ele nela não pode participar por doente, reservando no entanto para seu patrono Alfredo Sodré e Joaquim Maia, por ele  haver falecido antes de 28 mar 1992, fundação da Academia citada.

       Do arquivo histórico de Itamar Bopp, fazem parte coleções dos jornais. A Lira, Timburibá, Itatiaia, Resendense, e inclusive, dois números em xerox do Gênio Brasileiro, primeiro jornal de Resende fundado em 1830.

        Itamar Bopp é irmão do grande poeta  Raul Bopp. Seu interesse pela História veio através de seu gosto pela filatelia, iniciado quando jovem estudante em Santa Maria RS.

       Tornou-se filatelia de expressão internacional, com 14 medalhas de ouro, e com impressionante e valiosa coleção que inclui mais de 100 selos “olho de boi”.

        Da filatelia para a genealogia foi um passo, tendo reunido com apoio dos nascimentos, óbitos e casamentos da matriz de Resende, mais de 80.000 registros genealógicos dos primeiros resendense.

         Da genealogia, ciência auxiliar da História, à História de Resende e também agora de Itatiaia foi outro passo. Assim produziu: Cem anos de Resende cidade 1848-1948; Família Pereira Barreto; Notas Genealógicas e Centenário de Antonina Freire (prelo) todas obras de grande fôlego e basilares ou alicerces para uma história interpretada do processo histórico de Resende.

        Publicou sobre os 600 primeiros casamentos na matriz de Resende, também básicos para a evolução da genealogia resendense. Foi membro do Instituto de Estudos Valeparaibanos e membro atuante do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde o conhecemos em 1977 ao tomarmos posse naquele sodalício como sócio efetivo.

        Nós reencontramos em 1978, como seu convidado, no lançamento de seu livro Cem anos de Resende cidade, na Prefeitura Municipal, quando estabelecemos laços de amizade com Noel de Carvalho Filho e Joaquim Maia que ali conhecemos e que nos dispensaram especiais atenções. O ajudamos como Diretor do Arquivo Histórico do  Exercito, em sua pesquisa do cônego Bulcão fora de Resende.

        Trocamos muitas idéias sobre os personagens que ligaram-se aos primórdios de Resende- Roque Bicudo Leme e Fernando Dias Pais Leme da Câmara, membros da enorme família Leme, a qual pertenço no Rio Grande do Sul, onde muito atuaram, de modo  que em nossa terra natal Canguçu-RJ, existir a ADALEME (Associação dos descendentes e afins dos Leme) que conta entre seus ilustres descendentes dos Leme o general Bento Gonçalves da Silva, líder da Revolução Farroupilha com raízes familiares no Vale do Paraíba.

        Itamar Bopp pertenceu a diversas entidades dedicadas a história, a filatelia e a genealogia, e foi agraciado com numerosas medalhas e diplomas conforme registros existentes nas orelhas de suas obras citadas. Foi rotariano exemplar e muito atuante, preservando em sua  obra, Cem anos de Resende cidade, expressiva parte da memória da atividade rotariana em Resende.

    Prestou sua derradeira entrevista à Revista ACIAR em abril 1989, aos 87 anos onde revelou memória e lucidez invejáveis, bem como disposição física, pois em suas viagens de São Paulo a Resende, dirigia seu próprio automóvel. Foi entrevistado, por Frederico de Carvalho, Chico Fortes, Luiz Geraldo Whately, Mauro Menandro e fotografado por Sandra Massetti. Itamar nasceu em 21 de dezembro de 1902.