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Biografia de
Laura Freire de Arruda
Laura Freire de Arruda casou com Sebastião de Arruda Negreiros. Desse casamento tiveram os seguintes filhos:
1- Eloah Freire Arruda, casada teve os seguintes filhos:
1- Paulo de Arruda Gomes,
2- Fernando de Arruda Gomes
3- Maria Laura de Arruda Gomes
2- Mauro Freire de Arruda, Medico teve os seguintes filhos:
1- Roberto Freire de Arruda
2- Heraldo Freire de Arruda
3- Walter Freire de Arruda, Advogado, que em Nova Iguaçu procuraram servir dentro de suas funções honrando a terra que os acolheu e que por ela tanto fez.
1- Maria Lucinda,
2- Cláudio
3- Maria Inês
Biografia de
Sebastião de Arruda Negreiros
Sebastião de Arruda Negreiros
Um Construtor
Gênesis Tôrres
Professor de História, pesquisador e membro do IPAHB
CONJUNTURA
Vitoriosa a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, a constância do
processo eleitoral é interrompida. O poder em todos os níveis passa a ser
controlado pelo chefe da revolução. Instala-se no país a chamada
"Ditadura Vargas", que se configura do ponto de vista institucional a
partir do golpe de 37.
No Estado do Rio de Janeiro, é nomeado para interventor o conterrâneo de Getúlio
Vargas o Professor Plínio Casado. Nestas terras destaca-se junto aos revolucionários
de 30 a figura do político local, Manoel Reis (o Manduca Reis) que, em 1917,
foi presidente da Câmara Municipal de Iguassú, já em Nova Iguassú (ex-Maxabomba),
mudança de denominação do próprio Manduca. Com a Revolução e o papel que
vai desempenhar Manoel Reis, Getúlio Vargas sobre ele teria pronunciado
"Nova Iguaçu deve orgulhar-se de ter um amigo e um filho como Dr. Manoel
Reis, que é o fator principal de seu constante progresso".
A Baixada Fluminense, quintal do Rio de Janeiro, importante reduto sócio-político,
de onde vertia parte da riqueza do Estado em fruticultura, horticultura,
avicultura e agricultura de sobrevivência. Nas mesas cariocas consumia-se o que
se produzia nesta região. Nova Iguaçu manteve por alguns anos a maior produção
de cítricos do país. Chegando a ser instalados oito pavilhões para
armazenamento de laranjas e frutas outras.
INTERVENÇÃO
Manoel Reis consegue junto às hostes governistas, a indicação do Professor
SEBASTIÃO DE ARRUDA NEGREIROS, para Interventor Estadual no extenso Município
de Iguassú, formado pelos territórios dos atuais Municípios de Japeri,
Engenheiro Pedreira, Queimados, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Nilópolis, São João
de Meriti, Duque de Caxias, parte de Magé e Mesquita, tinha, assim, sua extensão
territorial maior do que o próprio Distrito Federal.
Sua posse em 19 de dezembro de 1930, foi cercada de grande prestigio, reunindo
representantes de todos os segmentos sociais, já que o Prof. Arruda Negreiros
era o homem de qualidades intelectuais e morais que melhor representava a
Baixada naquele momento de transição e efervescência política, que marcou
profundamente o Brasil depois da chamada política do café com leite, onde era
notória o domínio eleitoreiro dos coronéis de Minas e São Paulo. O Brasil
estava deixando de ser uma grande "fazenda" para tornar-se urbano e
dar início ao processo de industrialização, como proposta da própria
ideologia revolucionária do movimento tenentista, que deu respaldo ao movimento
vitorioso de Vargas.
ADMINISTRAÇÃO
Arruda assume uma Prefeitura adolescente, pois tinha apenas 11 anos, criada que
foi em 1919. A grandeza desse município fazia-se notar por uma imprensa crítica
e ativa com os jornais Correio da Lavoura, Correio de Iguassú, Reacção, A Crítica,
l4 de Dezembro, Alvorecer, Correio de Nilópolis, A Garota e outros,
demonstrando o grande nível cultural de sua gente. Havia uma grande tarefa a
executar nestas extensas terras. Sua capacidade de homem público, de coragem
impar, honesto e de grande envergadura administrativa possibilitou-lhe
desenvolver um trabalho que deixou profundas marcas até a presente data.
Sua obra vai além de seu comportamento público, pois encontrou o respaldo
necessário para realizá-la, porque tinha o apoio dos governos Estadual e
Federal, sem deixar de citar o carinho que a população a ele devotava.
Seu trabalho foi marcado principalmente pela vias de comunicação, as que
existiam eram caminhos carroçáveis, embrejados, pontilhados de atoleiros, que
dificultava o escoamento da produção agrícola. Arruda tinha consciência de
que a questão do saneamento teria que ser a marca de sua administração, o que
muito bem demonstra a hercúlea obra de retificação dos rios, dessecamento e
aterros dos pântanos.
Executados em 5 de julho de 1933 foi criada a Comissão de Saneamento da Baixada
Fluminense que tinha como chefe Alfredo Conrado Nieméier, substituído em
novembro por Cândido Lucas Gaffrée, ao qual por sua vez sucedeu em Dezembro do
mesmo ano Hildebrando de Araújo Góis. O primeiro trabalho da Comissão de
Saneamento da Baixada Fluminense foi o de apurar as causas do malogro das três
comissões.
Em 1934, o Eng. Hildebrando de Góis apresentou um relatório de seus estudos.
Nele são estudados e descritos os rios que cortam a Baixada Fluminense. Em 1936
foram iniciados os serviços preliminares de limpeza dos rios, pela agora
Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense, núcleo do futuro Departamento
Nacional de Obras de Saneamento, criado em 1940.
Até junho de 1945, o Departamento havia feito a limpeza de mais de seis milhões
de quilômetros de rios e movimentado o equivalente a quarenta e cinco milhões
de metros cúbicos de terra, além da construção de quatrocentos e duas
pontes.
Esta grandiosa obra, dado ao prestígio de Arruda Negreiros, junto ao Governo
Federal, possibilitou começar a mudar a topografia de nossa Baixada. Sua
antevisão, foi o prenúncio da grande explosão de ocupação humana município
de Iguaçu, não é de se negar que Duque de Caxias (ex-Miriti), pelo seu
crescimento demográfico deu-lhe o status de Distrito em 1931, pela influência
de seu padrinho político Manoel Reis.
O ano de 1930 é o das estradas iguaçuanas. Constrói-se estradas por onde e o
que antes era apenas carroçável é reaparelhada. Podemos assim citar a Estrada
Dr. Plinio Casado (Interventor Estadual que nomeou Arruda Negreiros)., ligando
Nova Iguaçu-Belford Roxo. Citamos ainda as estradas de Nova Iguaçu-Anchieta,
Madureira-Cabuçú, Estrada do Ypiranga, Estrada do Guimbú, Estrada de Santa
Rita, Estrada de Morro Agudo a Austin, Estrada de São Bento, Estrada São João
de Meriti-Caxias, Estrada São João de Meriti-Nilópolis, Estrada Actura,
Estrada Rio-Petrópolis-Magé, Estrada do Xerém, Estrada Santa Branca-Bomfim Em
São João de Meriti, fez grandes obras de aterros, água e luz, possibilitando
ampliar seu território ocupável.
Construiu inúmeras pontes, aumentou a rede de iluminação pública, substituiu
encanamentos que eram de pequeno diâmetro e não atendiam às necessidades do
consumo d'água, aumentou a rede de esgoto, desobstruiu rios e calçou diversas
ruas. Sendo que seu trabalho de administração abrangeu todo o Município,
tendo sido esta a época de maior desenvolvimento das obras públicas.
Outra preocupação na questão de saneamento, foi o outro vetor, a água potável.
Explorou mananciais em Nova Iguaçu iniciando os trabalhos para captação no
Rio da Cachoeira e mandou sangrar a adutora do Rio D'Ouro para atender às
populações marginais. Manteve assim, uma política permanente de
abastecimento, inaugurando os chafarizes (bicas públicas de água).
Na educação sua obra foi de reaparelhamento e construção de novas Escolas.
Seu carinho era tão grande com as crianças que o exame para professora e
diretoras das Unidades, era aplicado por ele próprio individualmente, já que
tinha amplo domínio nas letras como professor, às que não logravam êxito,
dava o recado dizendo "professora vai estudar mais, depois volte para
comigo prestar exame".
Na saúde conseguiu reunir a sociedade iguaçuana para o grande mutirão de
construção do Hospital de Iguassú, cuja pedra fundamental foi lançada por
Getúlio Vargas, em 1931. Não podemos esquecer que em São João de Meriti, em
1946, a sociedade também mobilizou-se para construir o seu próprio hospital,
com a presença de importantes figuras políticas ligadas à UDN local como Dr.
Alberto Jeremias da Silveira Menezes, que tinha sido candidato a Prefeito em 47
e Arruda Negreiros pelo mesmo partido em Nova Iguaçu em 46, tendo saído
vitorioso nas urnas. Seu prestígio como homem público de visão administrativa
era além fronteiras.
Sua relação com as classes produtoras iguaçuanas era profícua. O produto de
maior importância era a laranja e a Associação dos Fruticultores reivindica a
construção de um barracão de beneficiamento. Sua intermediação e prestígio
junto ao Ministério da Agricultura, que possuía inclusive um representante
daquele Ministério no Município, foram decisivos para a construção do "Packing
House", inaugurado em junho de 1931, com a presença do Presidente Vargas,
este "Packing" o local onde eram as laranjas beneficiadas e
encaixotadas para exportação.
Sebastião de Arruda Negreiros teve o privilégio de comemorar em seu governo o
CENTENÁRIO DE CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IGUAÇU. O fez na grandeza que lhe era
peculiar. Como Professor, sabedor da importância de seu tempo e o espaço que
ocupava no cenário político, enriqueceu a arte iconográfica, mandando
fotografar estas extensas terras nos seus mais diversos ângulos. Na imagem
despretensiosa do fotógrafo, deixou para a posteridade o maior acervo fotográfico
de nossa história, a chamada "Coleção Arruda Negreiros". Nada ficou
fora. São imagens do povo e seus costumes, das estradas, das escolas, das praças,
das ruas, dos prédios, das panorâmicas dos distritos, das reservas ecológicas
observadas ao fundo das fotos e da própria solenidade que marcou aquele centenário
comemorado em 15 de Janeiro de 1933.
Para perpetuidade deixou a "Memória da Fundação de Iguassú",
contratada ao insigne historiador José Mattoso Maia Forte, obra escrita com o
primor que muito bem merecia a sua administração. Deixou outra obra intitulada
"Polianteia", que narra a sua obra administrativa, com fotos
elucidativas da época. Neste mesmo ano e data foi inaugurado o Monumento ao
Centenário, na atual Praça da Liberdade, escultura do artista plástico
Benevenuto Berna.
SEGUNDA ADMINISTRAÇÃO
Após a abertura política em 1945 e a redemocratização do País, Arruda
Negreiros participara das eleições de 1946 pela coligação do PTB e da UDN,
partido este que em Nova Iguaçu rivalizava-se com o PSD que projetou também
nesta terra Getúlio de Moura, seu adversário. Getúlio de Moura gozava do
prestígio dos governos Estadual e Federal. Mesmo assim Arruda Negreiros, volta
ao Poder Municipal pelo voto do povo em 17 de outubro de 1947, elegendo também
Edmundo de Macedo Soares como governador, por uma ampla coalizão demonstrando o
seu carisma perante o povo.
O extenso território que compunha Iguassú, com seus 1489 km2 até 1943, já não
era o mesmo. A população pequena do início da década de 30, em torno de 51
mil habitantes, com uma densidade de 29 habitantes por km2 , já conta em meados
da década de 1940 com uma população estimada em 300 mil habitantes . Dessa
população uma minoria conhecia o trabalho do homem público Arruda Negreiros,
a grande maioria 90%, eram oriundos das regiões do Nordeste, Minas Gerais, Espírito
Santo e do próprio Estado, outros estrangeiros fugidos da Europa durante a II
Guerra e ditaduras européias. Essa população distante do mundo político
assistia à redemocratização como espectadores de um mundo pós guerra.
Com o crescimento vertiginoso desta população os problemas avolumaram-se e as
cobranças aumentaram, o populismo grassava, as irresponsabilidades de políticos
empolgados com as massas prometia e insuflava a população ao acaso. Questões
como educação, saúde e transporte para atender o povo no seu diário
deslocamento para trabalhar na cidade do Rio de Janeiro. Nova Iguaçu e seus
distritos começam a virar cidades dormitórios. Iguaçu já não responde com
soluções de infra-estrutura frente às demandas políticas, crescem os
movimentos emancipacionistas nos distritos de Duque de Caxias, São João Meriti
e Nilópolis, que conseguem em 1943 e 1947 respectivamente o seu desejo.
Nesta efervescência política, Arruda faz a Administração do possível, porém
sem perder a compostura do homem voltado para as questões da terra iguaçuana,
mantendo com a política o equilíbrio e o bom-senso.
O DEPUTADO
Ao sair da Prefeitura em 1950, no ano seguinte em 1951 é eleito Deputado
Estadual com ampla margem de votos, exercendo com dignidade aquele mandato.
TERCEIRA ADMINISTRAÇÃO
Mais uma vez pelo voto direto, em 1958, ele volta para o terceiro mandato, que
exerce entre 1959 a 1962 e faz importante trabalho na educação, inaugurando o
Colégio Monteiro Lobato, marco no ensino municipal Iguaçuano.
O HOMEM
Nasceu em 28 de março de 1884, na localidade de São Pedro, Município de
Piracicaba, Estado de São Paulo. Filho de João Pereira de Arruda e Eufrosina
Leite de Negreiros.
Fez seus estudos Primário e Escola Normal (Magistério) em Piracicaba e o
superior na Faculdade Nacional de Direito. Como professor, começou a lecionar
com 20 anos no Município de Cachoeira Paulista, no Grupo Escolar, tendo sido
Diretor daquele educandário.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1912, aqui foi comissionado pelo Ministério
da Marinha, cuja tarefa inicial seria a de reformular o ensino primário mantido
pela Marinha e acabou lecionando na Escola de Marinheiros. No Rio de Janeiro,
acabou fixando residência em São João de Meriti.
À época Meriti era o 4º Distrito do Município de Iguassú e nesse distrito
foi Subdelegado e granjeou a admiração dos meritienses, que lhe motivaram a
candidatura a Vereador, tendo sido eleito para a Câmara Municipal de Iguassú,
em 1922, da qual foi Presidente.
Sebastião de Arruda Negreiros casado com Laura Freire de Arruda, deixou
dignificantes exemplos a serem seguidos, como pai educou seus filhos Eloah
Freire Arruda, Mauro Freire de Arruda, Medico e Walter Freire de Arruda,
Advogado, que em Nova Iguaçu procuraram servir dentro de suas funções
honrando a terra que os acolheu e que por ela tanto fez.
São seus netos: Paulo de Arruda Gomes, Fernando de Arruda Gomes e Maria Laura
de Arruda Gomes, filhos de Eloah; Roberto Freire de Arruda e Heraldo Freire de
Arruda, filhos de Mauro, e Maria Lucinda, Cláudio e Maria Inês, filhos de
Walter.
Em que pese ter participado como prefeito-interventor de um governo ditatorial,
Arruda Negreiros exerceu esta função muito mais como missão do que como
vaidade política pessoal, característica que foi própria de políticos
daqueles e desses tempos. Sua obra estendeu-se por todos os rincões, foi amado,
respeitado, laureado pelo seu povo, infelizmente invejado pelos carreiristas e
políticos de plantão. Quando se pensa em um Prefeito da Baixada dos tempos
idos, nos vem sempre à memória Arruda Negreiros. É daqueles que pertencem ao
panteão dos grandes construtores desta terra. Era segundo palavras de Luiz
Azeredo, como redator do Correio da Lavoura "um homem inteligente, honesto
e de espírito público", e Ney Alberto que com ele também conviveu afirma
que "o admirava por ser um homem corajoso e dinâmico".
Ao final de sua vida a Cidade que ele tanto lutou e amou, por justiça de seu
povo, o reconhece como seu legítimo filho outorgando-lhe o título de
"Cidadão Iguaçuano" pela Deliberação nº 100 de 09 de Novembro de
1962.
Faleceu em 21 de março de 1965, pouco antes de completar 81 anos, em Nova Iguaçu,
tendo sido velado no Forum Itabaiana e sepultado no Cemitério da Cidade.
Fonte: http://www.ipahb.com.br/persona.php